Ricardo Coutinho disse que é a imprensa que quer o “tapetão”. O MPE fez uma denúncia séria e uma imprensa séria discute e reflete - Por Laerte Cerqueira

Aliás, para variar, já começou a dizer que é a imprensa que quer o “tapetão”. Não, não é imprensa. O MPE fez uma denúncia série e uma imprensa série discute, reflete, noticia o assunto.

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Gosto ruim

O fato político de ontem era a diplomação dos eleitos deste ano: deputados federais, estaduais, senadores, suplentes, governador e vice. Mas foi o Ministério Público Eleitoral que atraiu a atenção, o foco e provocou barulho no meio. No dia da festa de fechamento do processo eleitoral, o MPE colocou uma espécie de “gosto ruim” na comemoração do governador reeleito Ricardo Coutinho (PSB), da vice, Lígia Feliciano (PDT), e de auxiliares da administração. Não dá para negar que com acusações tão sérias, tudo foi só felicidade.
A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movida no TRE-PB, pela Procuradoria Regional Eleitoral da Paraíba, acusa RC de abuso de poder político e econômico nas eleições de outubro. Segundo o MPE, houve irregularidade nas contratações e demissões de servidores em escolas, além de exoneração de médicos por motivos políticos. Segundo a ação, a partir de dados do TCE, em 2014, foram admitidos 3.405 servidores e demitidos 5.935 servidores e prestadores de serviço. O Procurador Regional Eleitoral, Rodolfo Alves também questiona a legalidade na distribuição de recursos do Empreender PB, programa estadual de apoio ao microempreendedor. Segundo ele, de 2013 para 2014, houve um incremento de cerca de 57,41% no total do investimento. Em julho de 2014, já em campanha eleitoral, houve um aumento 117,51% nas concessão de crédito, com relação ao mês anterior. Em agosto, o valor foi mantido. Está sendo investigada ainda a entrega de “kits” escolares aos estudantes da rede pública, que não foram repassados aos alunos no início do ano letivo e só nos meses que antecederam a eleição, de acordo com o processo.
As supostas irregularidades, segundo o MP, ocorreram durante o processo eleitoral e, por isso, teriam influenciado diretamente no resultado da eleição. No TRE, a Aije foi já tem um relator, o juiz Tércio Chaves de Moura. Além de Ricardo e Lígia, a investigação atinge o superintendente do Empreender Paraíba, Francisco César; a secretaria estadual da Educação, Márcia Lucena; o secretário de Saúde, Waldson Sousa; o secretário estadual do Turismo, Renato Feliciano; e Antônio Eduardo Albino de Moraes Filho.
Agora, vai começar uma novela. Ricardo é bom de embate, no debate, na disputa, mas vai ter trabalho com essa Aije. Se o MPE conseguir comprovar todas as denúncias feitas e mostrar que as irregularidades tinham peso para mexer no resultado, vai ser “moído”. Por muito menos, teve governador cassado por aí. RC, ontem, não quis comentar o assunto. Aliás, para variar, já começou a dizer que é a imprensa que quer o “tapetão”. Não, não é imprensa. O MPE fez uma denúncia série e uma imprensa série discute, reflete, noticia o assunto. RC é competente e sabe que essas adversidades fazem parte da política, principalmente agora que é a maior liderança do estado. É bom começar a se preparar, o assunto vai entrar na pauta de discussões, sem dúvida. Se ficar emburrado, brigar, acusar o mundo de “complô”, como costuma fazer, vai incorrer em um velho erro na hora de enfrentar problemas como gestor. Segundo assessores do governo, os advogados da coligação de RC vão responder pelo caso. Para o estado, viver sob essa tensão, com uma investigação dessa em curso, que pede a cassação de mandato, é muito ruim. Passamos por isso. Mas faz parte do processo.
Outra
Vale lembrar que na última terça-feira, a Corregedoria do TRE-PB recebeu uma outra AIJE contra RC, impetrada pela coligação “A Vontade do Povo”, de Cássio (PSDB).

Ação
Na ação, Ricardo é acusado de promover excessivos gastos com publicidade ao longo de 2014. Entre janeiro e julho foram mais de R$ 20 milhões, segundo a ação.
Absolutamente nada

A Aije é assinada por Rodolfo Alves e pelo procurador regional eleitoral substituto, Vitor Carvalho. Em entrevista ao repórter Antônio Vieira, da TV Cabo Branco, Rodolfo disse que entrou com a ação, ontem, porque era o último dia do prazo. No discurso para os diplomados, chegou a afirmar que na PB não haverá terceiro turno. Perguntado sobre o que iria fazer em relação à ação, RC disse ao repórter: “Eu? Não vou fazer absolutamente nada. Apenas, a Paraíba sabe quem abusou do poder econômico, que não fui eu”, cravou.
Iniciativa
Uma das iniciativas importantes que RC anunciou depois da diplomação foi a fusão de órgãos, acabando com secretarias. Uma maneira de enxugar a máquina. Excelente.

Respeito
Segundo RC, a máquina é grande demais para o serviço que presta e é possível “faz um serviço melhor com a máquina racionalizada. Isso se chama respeito com o dinheiro do povo”, disse.
Vaia
As vaias na diplomação foram guardadas para os deputados federais eleitos Rômulo Gouveia (PSD) e Pedro Cunha Lima (PSDB) e para Caio Roberto, deputado estadual eleito.

Aplausos
Os aplausos e gritos de felicidade foram para Ricardo Barbosa (PSB) e Estela Bezerra (PSB), o deputado federal Veneziano Vital (PMDB) e para RC.

Origem
Isso aconteceu porque as cadeiras do teatro estavam lotadas por secretários do atual governo, servidores, socialistas apaixonados.

Desrespeito
O fato é que não precisava das vaias. Uma falta de respeito e de educação. Independente de quem eles apoiaram, foram eleitos de forma democrática.