O prefeito Luciano Cartaxo acerta ou erra com o decreto cortando despesas na Prefeitura? - Por Josival Pereira

O prefeito Luciano Cartaxo tinha a opção de continuar negando a crise financeira, driblando aos cobradores de demandas com pequenos gestos. Distribuiria tapinhas nas costas, porém correria o risco de perder o controle total da situação. O caminho da assunção aberta da situação de crise não resolve os problemas. Permite, todavia, que a gestão adote medidas mais claras de redução de despesas e possa assumir uma relação mais transparente com fornecedores e apoiadores políticos. Pode também salvar as obras em andamento com o resultado da economia. Salva os anéis para não perder os dedos.

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Há razoável dose de coragem no decreto do prefeito Luciano Cartaxo promovendo cortes mais profundos nos gastos da Prefeitura de João Pessoa.
O decreto representa assumir a situação de crise, coisa que os gestores públicos nacionais não costumam fazer. Veja-se o próprio exemplo da gestão petista da presidente Dilma Rousseff, que esperneia de todas as formas, tergiversa, recorre a todos os eufemismos do mundo, mas não admite nenhum tipo de crise.
Além disso, cortes mais profundos de despesas na gestão pública fragilizam o gestor, abrindo flancos para críticas, rompimentos políticos e espaços para a oposição.
O prefeito Luciano Cartaxo tinha a opção de continuar negando a crise financeira, driblando aos cobradores de demandas com pequenos gestos. Distribuiria tapinhas nas costas, porém correria o risco de perder o controle total da situação.
O caminho da assunção aberta da situação de crise não resolve os problemas. Permite, todavia, que a gestão adote medidas mais claras de redução de despesas e possa assumir uma relação mais transparente com fornecedores e apoiadores políticos. Pode também salvar as obras em andamento com o resultado da economia. Salva os anéis para não perder os dedos.
Contudo, o prefeito Luciano Cartaxo não terá vida fácil. Será cobrado a explicar a razão dos drásticos cortes de despesas (30% de cargos comissionados, 20% no custeio, entre outros). Está alegando a queda de receitas e os efeitos da crise nacional. Será contestado, mas o discurso tem chances de colar.
Com habilidade política e sorte, pode se livrar das ilações de que a crise tem origem na campanha eleitoral do ano passado, quando o irmão foi candidato a senador. O próprio prefeito tem alguns números de redução de despesas de pessoal em 2014 para rechaçar a insinuação. Noutro ponto, certamente não será responsabilizado para ânsia de gastar no primeiro ano de gestão, talvez a origem de toda a crise.
A opção de assumir a condição de crise também pode ajudar o prefeito Luciano Cartaxo politicamente. Ele saberá logo agora, na seca, quem são seus verdadeiros aliados. Quem tiver interesse em derrotá-lo não se conterá e porá todas as unhas de fora.
Na política, como na vida, assumir os erros pode ser a solução.