De tanto brigarem pela posse da mesma laranja, Ricardo, Cássio e Maranhão estão vendo agora novos ladrões da fruta por perto - Por Gilvan Freire

UMA LARANJA DIVIDIDA EM QUATRO FATIAS. AGORA SÃO QUATRO OS DONOS DA LARANJA. É ASSIM A DIVISÃO DOS ELEITORES DA PARAÍBA EM 2018. QUE FATIAS SE JUNTARÃO PARA RECOMPOR A LARANJA OU PELO MENOS UMA BANDA DELA ?

Por Gilvan Freire

O que era no princípio dos anos 2000 uma disputa ferrenha entre duas facções políticas, ambas resultantes da divisão em duas partes iguais do imenso PMDB estadual, parecendo uma laranja repartida entre o maranhismo e o cassismo, com suco suficiente para nutrir a sede e a paixão de milhões de eleitores, seus principais líderes e as lideranças satélites, 10 anos depois a laranja já estava dividida por três e o suco era o mesmo.

De fato, foi em 2010 que Cássio e Maranhão, tentando desequilibrar a divisão da laranja em exatas duas bandas iguais, descobriram uma forma perigosa de superar o empate : dividir a fruta por três, na presunção de que um terceiro proprietário, somado a um dos dois donos de fatias iguais, aumentaria o suco de um lado e diminuiria o suco do outro.

Foi assim que Cássio atraiu Ricardo Coutinho para lhe entregar sua fatia na laranja ( 2010 ), objetivando, com a faca nova e o adicionamento de novas forças e mais sede, roubar um naco da fatia de Maranhão, um homem sedento pelo cítrico mas perdendo força por causa dos desgastes do uso e do tempo. Daí RC partiu a laranja em três pedaços, deixando ZÉ apenas com um terço, mas em vez de juntar a sua parte com a de Cássio, como o próprio Cássio achava que ia acontecer, fez-se dono da terceira fatia, reduzindo os domínios dos ex-donos da fruta.

Quando Maranhão e Cássio quiseram recuperar o terço perdido da Laranja, nenhum dos dois possuía mais sequer a metade da fruta e seus saborosos néctares, porque um terço dela pertencia a RC, o mais esperto guardador de laranjas alheias. Até que em 2014, com medo de perder o que lhe restava, Cássio enfrentou RC, mas Maranhão somou a sua fatia com a de RC e os dois venceram Cássio com a arte de juntar dois terços contra um.

Logo em seguida, Maranhão, que pensava em recuperar a metade perdida da laranja que já lhe pertencera, juntando-se a RC, descobriu, tanto quanto Cássio também descobrira, que RC, além de haver tomado um terço da laranja, queria mesmo era a laranja toda. E, pela lei das probabilidades, quem toma um terço, toma dois ou três, e quem perde a metade pode até perder tudo e ficar sem nada.

De tanto brigarem pela posse da mesma laranja e seus deliciosos sucos, RC, Cássio e Maranhão estão vendo agora novos ladrões da fruta por perto, e não há outra laranja para repartir , até porque com esses sabores não há outro cítrico. Luciano Cartaxo, enquanto os outros condominiários disputam a ferro e fogo os terços da divina laranja, com o auxílio de alguns deles já meteu a mão num pedaço dela, possivelmente um quarto, restando a cada sócio apenas vinte e cinco por cento do todo.

Romero Rodrigues quer ficar com a fatia de Cássio, Cássio quer pegar de volta a fatia perdida para RC, Luciano quer as fatias tanto de Cássio quanto a de Maranhão, Maranhão quer beliscar nacos do que desperdiçou com os outros, e RC quer aumentar seus domínios sobre maior parte da fruta.

Veja-se que a laranja está cada vez mais dividida e ninguém tem mais ao menos a metade dela. Qual é a moral afinal da teoria da laranja ? É a de que quem não somar os pedaços da laranja, não sentirá os sabores integrais de seu suco. A outra moral é a de que quem não cuida bem de sua laranja, perde para os outros. E de que quem ambiciona ter um laranja inteira, pode até perder o último pedaço que sobrou dela.

Fonte: POLEMICA PARAÍBA
Créditos: gilvan freire