ABRIU O VERBO

Barbosa seguiu seu coração, escancarou a ciumeira e enfrentou o governo ao desmontar o discurso da sua base

Enfrentou o governo ao desmontar o discurso da sua base, que afirma, segundo ele,de maneira errada, que só na PB se paga em dia (no mês trabalhado) e que o congelamento de salários, promoções e progressões é, irremediavelmente, necessário. Mas foi o ciúme, o descontentamento com a forma que está sendo tratado pelo governo, a essência de seu desabafo. Por isso, recorreu a ex-algozes do governador, Gervásio Maia e Trócolli Júnior, para lembrar, nas entrelinhas, que é mais aliado que os dois.

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O desabafo de Barbosa

POR LAERTE CERQUEIRA – DO JORNAL DA PARAÍBA

O deputado estadual Ricardo Barbosa (PSB) colocou para fora o que maltratava seu coração. Aliás, só uma parte do que sente, mas o suficiente para mandar o recado que queria ao governador Ricardo Coutinho (PSB), seu aliado. Barbosa aproveitou o dia em que suas posições foram contrariadas, várias vezes. Primeiro, quando, de acordo com ele, recebeu uma ligação do governador, afirmando que vários liderados do blocão governista (11 partidos) estavam reclamando do seu comportamento, de seu comando. Depois, quando se viu obrigado a votar no plenário contra algumas de suas crenças. Barbosa já havia dito que não concordava com todos os termos da MP242, que foi colocada em votação, ontem. A MP suspende o reajuste salarial, promoções e progressões funcionais dos servidores do Estado.

Deve ter pensado em segurar a “onda”, engolir em seco. Admitiu que ouviu conselhos do presidente da Casa, Adriano Galdino (PSB), para não jogar tudo no ventilador. Não teve jeito. Barbosa seguiu seu coração, agiu como sempre faz, com mais emoção e menos razão, e “abriu” o verbo. Aos colegas, que reclamavam da sua postura na liderança, fez questão de lembrar a fidelidade ao governador RC, desde que deixou para trás o grupo Cunha Lima. Fez isso enfiando o dedo na ferida, expondo o que muitos aliados do governador, com medo de retaliação, não fariam. Barbosa afirmou que estava sendo “traído”, apunhalado pelas costas.

Enfrentou o governo ao desmontar o discurso da sua base, que afirma, segundo ele,de maneira errada, que só na PB se paga em dia (no mês trabalhado) e que o congelamento de salários, promoções e progressões é, irremediavelmente, necessário. Mas foi o ciúme, o descontentamento com a forma que está sendo tratado pelo governo, a essência de seu desabafo. Por isso, recorreu a ex-algozes do governador, Gervásio Maia e Trócolli Júnior, para lembrar, nas entrelinhas, que é mais aliado que os dois.

Para fortalecer sua tese, resgatou episódios em que os novos aliados, ex-oposicionistas, “esculhambavam” o governador. De fato, poucos queriam relembrar isso, logo na lua de mel entre Gervasinho e RC. Barbosa o fez. “Quando vossa excelência dava voz de prisão ao secretário da Saúde Waldson Sousa, eu estava em Brasília atrás de recursos para o Centro de Convenções, para o Dede, adutoras e tantas outras obras na Paraíba”, rasgou. Barbosa não disse se iria romper com o governo. Mas sabe que seu posicionamento é arriscado, afinal o governador odeia rebeldia. O deputado escancarou a ciumeira. A mensagem que ficou é a de que: quer ser mais prestigiado, aceito e respeitado pelos colegas e isso passa pela “ordem” expressa do governador.

A insatisfação do parlamentar não é de hoje e não sabemos onde ela vai dar. Saída da base? Difícil fazer apostas. Mas é um caminho provável porque não é de hoje que ele dá sinais de rebeldia e descontentamento. Programou audiência pública para discutir MP242, quando o governo queria evitar debate. Participou das manifestações no último domingo, na qual o governador se posiciona contra. Não defendeu, na tribuna, o TCM porque admitiu que sua posição pessoal era contrária, mesmo sendo obrigado a votar a favor. Enfim, Barbosa não está confortável, desabafou de maneira emocionada. Mas quem tem coração de pedra não se sensibilizou.
Risco

O deputado estadual Zé Paulo vai se filiar ao PSB. Ele deixa o PCdoB para cavar uma pré-candidatura a prefeito de Santa Rita. Vale lembrar que presidente estadual do PSB, Edvaldo Rosas, um dia desses, descartou a participação de Zé como prefeitável. Vai no risco. A filiação teve articulação da deputada Estela Bezerra.
Cardápio

O vice-prefeito de JP, Nonato Bandeira, e o líder do governo na CMJP, Marco Antônio, ambos do PPS, almoçaram juntos anteontem no Estaleiro, na Penha.
No PHS

Nonato “ainda não sabe” se o PPS fica com Cartaxo. Marco quer ficar na base. Para evitar conflito, o vereador resolveu se filiar ao PHS. Continua governista.
Ajustes

Mas é bom lembrar que o PHS já havia prometido apoio ao PTB, do pré-candidato Wilson Filho. Conclusão: ou o PHS abandonou a promessa ou o PTB está a caminho de uma aliança com Cartaxo. Raoni se antecipou…
Oferta

O DEM entra na disputa pela vice do PSB em JP oferecendo o nome do recém-filiado Raoni Mendes. Vai argumentar que é o maior opositor de Cartaxo e foi o vereador mais votado de JP.
Viaduto

Alheio às críticas da oposição, que chamou o viaduto Geraldo Mariz de “passagem de nível”, o prefeito Cartaxo, inaugurou a obra que vai dar um fôlego bom à Av. Epitácio Pessoa.
Filiação

José Aldemir se filia ao PP na próxima sexta. O deputado estadual vai reunir em Cajazeiras os senadores Cássio, Maranhão e os deputados Rômulo e Aguinaldinho.
Mudança

O deputado estadual Ricardo Marcelo parece que decidiu pelo PMDB. A “história” de repetir figurinha voltando ao PSDB parece que ficou como segunda opção.
Evitou

O senador Cássio até foi convidado para discursar na manifestação de domingo, mas percebendo o caráter do movimento, disse que estava apenas como cidadão. Evitou hostilidades.

Fonte: Jornal da Paraíba
Créditos: Laerte Cerqueira