A PROPINA SUBIU DOUTOR: “Os ‘zomi’ subiram a parada pra 15%, só faço cumprir ordens"- Por Rubens Nóbrega

Acostumado a pagar 10 por cento pela liberação do total dos ‘seus’ empenhos, um médio fornecedor de obras, serviços e produtos surpreendeu-se semana passada quando comparecem àquela repartição para os acertos de sempre. “Os ‘zomi’ subiram a parada pra 15%”, disse o encarregado dos pagamentos

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‘Natal encarece tudo’

Acostumado a pagar 10 por cento pela liberação do total dos ‘seus’ empenhos, um médio fornecedor de obras, serviços e produtos surpreendeu-se semana passada quando comparecem àquela repartição para os acertos de sempre. “Os ‘zomi’ subiram a parada pra 15%”, disse o encarregado dos pagamentos. “Deve ser por conta do período de Natal”, acrescentou. “Mas assim, sem avisar, sem nada? Se tivesse avisado, teria aumentado o lance desde a licitação. Assim é de lascar”, protestou o empresário. “Posso fazer nada, meu irmão. Só faço cumprir ordens. E aí, o que vai ser? Sem quinzinho, nada feito. Só em janeiro e olhe lá”, comunicou o obediente e aplicado funcionário. “E aí, o que foi?”, perguntei ontem ao revoltado corruptor, após ouvir o seu relato. “E aí que entrou hoje na minha conta”, admitiu.

Um exemplo da Paraíba

Desde ontem não me perdoo por não ter repicado semana passada a notícia da inclusão do 3º Juizado Especial Cível da Comarca de João Pessoa entre os dez melhores do gênero do Brasil, segundo avaliação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Imperdoável omissão essa minha de não ressaltar o desempenho do Juiz Gustavo Urquiza, titular da unidade que é modelo para o resto do país pela rapidez com que resolve ou julga processos.
Não, não tem perdão deixar passar a oportunidade de comparar o nosso ótimo exemplo com dois péssimos de outros estados. Se outra serventia não tiver, espero que a comparação ajude a questionar as razões da baixa autoestima dos paraibanos de um lado e, do outro, o perigo das generalizações. Para não incorrermos outra vez na mania horrível de medir os bons, que são maioria, pela régua dos ruins, que são minoria em qualquer canto, atividade ou profissão.
Não vamos tirar toda a magistratura pelo juiz do Rio que deu voz de prisão a uma agente de trânsito que disse que ele não era Deus para sair dirigindo por aí um carro sem placas nem documentos e, ainda assim, resistir à apreensão do veículo na base da carteirada e da arrogância. Não, não vamos acreditar que todo juiz é igual àquele do Maranhão, aquele que mandou prender funcionários de uma companhia aérea que não o deixaram atrasar um voo para o qual chegou atrasado, bem após o encerramento do serviço de embarque.
Não vamos parametrar todos os magistrados pelos TQQs que realmente existem, mas não apenas na Paraíba. Outros estados também convivem com a desgraça que trouxe há dois anos o então Corregedor Geral de Justiça para aqui lançar uma constrangedora campanha de ‘caça’ aos preguiçosos togados. Ver juiz na comarca apenas nas terças, quartas e quintas-feiras não é exclusividade do jurisdicionado paraibano. As letrinhas popularizadas pelo ministro Falcão podem carimbar a testa de muita excelência Brasil afora, aí incluídas aquelas que dão caráter divino à própria malandragem.

 

Simplicidade e respeito

Nem todo juiz é Gustavo Urquiza, é verdade, mas ele é no mínimo aquele que eleva a média da categoria a que pertence quando somado ao conjunto. Magistrados como ele renovam no cidadão comum a esperança de que nem tudo está perdido. Porque não é só a celeridade processual que distingue o trabalho da equipe do 3º Juizado, que conta ainda com dois juízes-leigos, seis servidores e voluntários. Merecem destaque ainda a simplicidade, a informalidade e a habilidade com que tenta e consegue solucionar contendas pela via da conciliação. Digno de nota, sobretudo, o respeito com que partes e advogados são tratados no ‘Juizado do Doutor Gustavo’, como vêm reconhecendo seguidamente e manifestando publicamente tal reconhecimento tanto a OAB-PB (Ordem dos Advogados do Brasil na Paraíba) como o Tribunal de Justiça do Estado.
E Lyra, hem?

O empresário Raimundo Lyra pode encomendar o terno da posse, como manda dizer a melhor clicheria do velho jornalismo. Nos próximos dias, ele deverá ser convocado pelo Senado para assumir o lugar de Vital do Rêgo Filho, o eleito pelo PMDB em 2010 que deve renunciar em breve ao mandato parlamentar para exercer o cargo de Ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).
A indicação do senador paraibano para o órgão foi aprovada ontem por esmagadora maioria na Câmara dos Deputados. Foram 313 votos favoráveis, oito contra e oito abstenções. Resta agora aos eleitores paraibanos em geral e de Vital em particular torcerem para que o suplente assuma não apenas a vaga, mas o compromisso e a identidade com os interesses da Paraíba, da qual Lyra está afastado política e empresarialmente há uma década.
Augusto sempre

Repasso ao leitor do jeito que recebi, por ser coisa muito boa e da melhor qualidade: ‘Eu e outras poesias’, de Augusto dos Anjos, em edição especial com roteiro de leitura de Neide Medeiros, apresentação de Socorro Aragão e ilustrações de Izaac Brito, e ‘Vida e Poesia de Augusto dos Anjos’ – para crianças, jovens e adultos, de Juca Pontes e Lelo Alves, são as obras que serão lançadas às sete da noite de hoje pela MVC Editora na Fundação Casa de José Américo, no Cabo Branco, em João Pessoa. “Com projeto gráfico assinado por Larissa Mello, as publicações integram a programação do centenário de morte do poeta paraibano, ocorrida durante todo o ano. Ainda na programação, será apresentada exposição com os desenhos de Izaac Brito e os quadrinhos de Lelo Alves”, complementa o texto de divulgação do lançamento.