Frutos da História

A era pós-Lula e o destino dos pobres no Brasil - Por Gilvan Freire

Operário industrial em S. Paulo e líder operário no maior estado operário brasileiro, Lula tornou-se referência do sindicalismo no mundo em ebulição trabalhista, antes de chegar ao maior cargo jamais reservado a um excluído social do Nordeste.

Foram passados 450 anos na história do Brasil para que surgisse Lula, filho da indigência social do Nordeste atrasado e escravocrata – vítima de descriminações odientas e espoliações centenárias, inclusive do poder político central e da própria República : um verdadeiro país de miseráveis e pobres habitando outro país muito rico.

Emigrando do mapa da fome para não morrer dela, Lula chega a S. Paulo intuindo aquilo que seria expressado mais tarde por uma discípula sua, quando o lulismo estava em construção, a líder sindical campesina intimorata Margarida Maria Alves ( 5/8/33 – 12/8/83 -Alagoa Grande/PB ), três meses antes de morrer barbaramente assassinada : “ É melhor morrer na luta do que morrer de fome “.

Operário industrial em S. Paulo e líder operário no maior estado operário brasileiro, Lula tornou-se referência do sindicalismo no mundo em ebulição trabalhista, antes de chegar ao maior cargo jamais reservado a um excluído social do Nordeste, a presidência da República do país rico. Pela lógica, se passarão algumas centenas de anos para que surja outro Lula com a mesma biografia e significado cultural e geopolítico.

Aos pobres restou de Lula a imagem de um líder emblemático e carismático que colocou o retrato da pobreza
nordestina nos salões nobres do Palácio da Alvorada e que tencionou fazer mais pelos excluídos do que efetivamente fez pelos ricos e poderosos – banqueiros nacionais e transnacionais, grandes construtoras, empresários do ensino privado, marqueteiros – em detrimento da economia popular, do endividamento dos aposentados, do ensino público, e de uma reforma agrária que sequer foi tentada. Um malogro completo.

Ao lado de fracassos monumentais em áreas essenciais como educação e saúde, a gestão lulopetista & catervas, durante todo o seu período de domínio, incluindo esse rescaldo hereditário da Era Temer, que é o final inglório do ciclo, deixou, pela contumaz inércia, a criminalidade avançar triunfante sobre o Estado e contra a sociedade, especialmente no quesito dos crimes patrimoniais privados e públicos, tendo como fonte de inspiração as práticas e maus exemplos dos líderes referenciais do universos político, a partir dos inúmeros que são investigados, ou denunciados, ou condenados, ou presos. Há um evidente e manifesto efeito pedagógico dos crimes da elite dirigente sobre as massas com deficiente educação ou sem escolaridade.

Mas, sem Lula, que é vítima de seus próprios desacertos e prisioneiro de um partido que ele mesmo criou e inflou com oxigênio do Estado, o desmonte do lulopetismo parece inevitável. Não há mais como a sociedade sustentar com recursos públicos o PT e suas organizações satélites, somente porque se mantêm fiéis a um projeto messiânico e mitomaníaco cuja experiência resultou em tragédia moral, e que pretende, como recurso extremo de sobrevivência, abolir as regras e princípios da ética, Justiça, decência e probidade no exercimento do poder político.

O caos brasileiro da atualidade tem relação direta e umbilical com o lulopetismo e sua degenerescência moral aguda. Até mesmo o desgoverno Temer et comparsas, que é um marco de infortúnio nesse ocaso trágico, é um legado a mais deixado pela macabra engenharia lulopetista de promiscuir o Congresso para garantir uma governança em forma de Torre de Babel, unindo o que havia de pior na vida pública com o fito de perpetuar o PT e seus feudos plantados nos bolsões de pobreza e miséria, materialmente assistidos por esmolas governamentais, sem horizontes de emancipação humana.

O resultado mais visível é que o lulopetismo quebrou o Brasil à pretexto de salvá-lo, aviltou a cultura política, desmoralizou o voto popular e ultrajou o eleitor, esbofeteou a cara de cada cidadão honesto, e ainda mistificou e mitificou a figura popular de Lula, para encobrir e transferir erros e crimes cometidos à sombra de governos desastrosos e sucessivos ( cuja sucessão ainda está em curso ), e ainda assim objetiva instituir, com a conivência de autoridades cediças e comprometidas, um regime de permissividade e impunidades.

Em suma ( volto depois ao desdobramento político desses tema nas eleições em andamento ), o lulopetismo e seus acólitos estão chegando aos extertores, mas ainda apelam ao misticismo e ao messianismo idólatra para não morrerem sem procissão, vela e reza ou ladainha.

Qualquer grande líder poderá tirar o país da crise ( falta o grande e Lula ainda aparece como o maior ), mas certamente há hoje poucos com moralidade suficiente para fazê-lo. E, nesse sentido, nem Lula serviria mais.

Por enquanto, é torcer para que extrema esquerda lulopetista , idólatra, hipócrita, farsante , mistificadora e mercadora de ilusões, se confronte com a extrema direita, não menos adjetivada, para que , ao menos no primeiro embate, um ou as duas possam sair gravemente feridas ou mortas. Que depois do choque o Brasil se ache e o povo recupere o voto, sem mito e sem farsa e sem máscaras.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Gilvan Freire