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Imposto sobre açúcar em refrigerantes já é um sucesso

Garrafas de 600 ml de refrigerantes são perfiladas em prateleira: duas garrafas de Fanta laranja, duas de Fanta fruit twist, duas de Sprite e duas de Mountain Dew; abaixo, aparece o preço de cada uma: 1,29 libra, com promoção de refeição de 2 libras

A decisão do governo britânico de aumentar os impostos sobre refrigerantes e outras bebidas similares que contém muito açúcar já é um grande sucesso no Reino Unido, apesar de o novo tributo ter entrado em vigor apenas na última sexta-feira (6).

O novo imposto, chamado de “sugar tax”, foi criado com a intenção de ajudar a diminuir a obesidade no país. Nada menos do que 27% dos britânicos são obesos, a maior taxa de toda a Europa Ocidental. E os refrigerantes são considerados pelo governo como um dos grandes culpados por isso.

O “sugar tax” é cobrado das empresas fabricantes de refrigerantes e outras bebidas doces, de acordo com a quantidade de açúcar presente nas fórmulas de cada produto. Quanto mais açúcar, maior o imposto.

A medida foi anunciada em 2016, mas as autoridades deram um período de dois anos para a indústria se adaptar à nova realidade tributária. E o resultado foi muito positivo: a maioria das empresas de bebidas cortou dramaticamente as taxas de açúcar adicionado aos seus produtos – evitando assim um aumento nos preços causado pelo imposto.

A empresa que produz o Lucozade, por exemplo, cortou a taxa de açúcar em sua fórmula de 13 gramas por 100 ml para 4,5 gramas por 100 ml. A Fanta e a Sprite também tiveram suas fórmulas revistas, reduzindo o açúcar.

Mas nem todas as marcas tiveram a mesma reação. A Coca-Cola e a Pepsi, por exemplo, resolveram manter intactas as suas fórmulas adocicadas –com cerca de 11 gramas de açúcar em cada 100 ml dos respectivos produtos (ou mais de 30 gramas por latinha, muito acima dos limites considerados saudáveis).

Com isso, os tributos sobre essas bebidas aumentaram em cerca de 40%, custo que foi transferido pelo menos parcialmente para os consumidores. A Coca-Cola também anunciou que, além de aumentar o preço, vai diminuir as suas garrafas de 1,75 litro do produto para 1,5 litro.

Os críticos do novo imposto e o lobby da indústria de bebidas reclamam que o tributo é injusto, pois tem um peso relativamente maior sobre os consumidores mais pobres. Mas as estatísticas mostram que os mais pobres são exatamente os maiores consumidores de refrigerantes no país. E a ideia básica, de qualquer forma, não era punir o consumidor mas forçar a indústria a rever as fórmulas de seus produtos exageradamente açucarados.

Os mesmos críticos também dizem que o governo não deveria se meter na liberdade das pessoas escolherem o que querem consumir e como querem viver. Em outras palavras, qualquer pessoa tem o direito de beber quantos litros de refrigerante quiser e ser obesa, se assim o desejar.

Esse argumento, no entanto, ignora o fato de que a obesidade é um problema de saúde pública que pode potencializar várias outras doenças. E que custa caro: segundo o Serviço Nacional de Saúde (NHS), a obesidade custa ao sistema público nada menos do que 16 bilhões de libras esterlinas por ano (cerca de R$ 76 bilhões).

Além do óbvio feito de já ter reduzido os níveis de açúcar em algumas bebidas, o “sugar tax” ainda tem a virtude de levantar recursos extras para ajudar a pagar essa conta astronômica.

A sociedade e o governo britânico começam a discutir agora se o imposto não deve ser ampliado. Muitos já defendem, por exemplo, que o “sugar tax” também seja aplicado a bebidas achocolatadas, que estão isentas do imposto no momento.

Graças ao efeito positivo com os refrigerantes, talvez esses outros produtos sejam taxados muito em breve.

Fonte: Folha
Créditos: Folha