POTÊNCIAS ECONÔMICAS

Diretora do FMI diz que tensão comercial entre EUA-China avança para 'diálogo'

As tensões entre as duas maiores economias do mundo lançaram uma sombra sobre a reunião de ministros das Finanças

A reunião de ministros de Finanças teve início com ansiedade elevada sobre os riscos potencial de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China à economia mundial, mas terminou com as portas abertas para negociações.

A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, que vem pedindo para os países evitarem danos ao protecionismo, disse que a reunião de primavera deste fim de semana “avançou em direção ao diálogo”.
Logo após seus comentários, o secretário americano do Tesouro, Steven Mnuchin, anunciou que estava considerando uma viagem a Pequim para conversar sobre a disputa comercial – um respiro após semanas em que as tensões só cresceram. A China disse neste domingo (22) que acolheu a sugestão de uma visita.

As tensões entre as duas maiores economias do mundo lançaram uma sombra sobre a reunião de ministros das Finanças, com a preocupação de que uma guerra comercial possa minar a recuperação global.

O presidente Donald Trump aprovou, no mês passado, tarifas elevadas sobre bilhões de dólares de importações chinesas, enquanto Pequim impôs tarifas sobre as principais exportações agrícolas dos Estados Unidos, e ameaçou fazer o mesmo com a sensível indústria de soja americana.

A retórica comercial acalorada se dá em um momento delicado, enquanto Washington e Pequim tentam abordar o programa nuclear da Coreia do Norte – que Pyongyang prometeu reduzir neste sábado (21).

Em declaração ao fim da reunião ministerial, o FMI destacou os riscos apresentados pelo “aumento das tensões comerciais e geopolíticas”.

Nas últimas semanas, Lagarde pediu diversas vezes aos países-membros que evitem o protecionismo e alertou que a incerteza em torno das disputas comerciais poderia atrapalhar o investimento, um dos principais motores da recuperação econômica atual.

“Minha principal preocupação (…) é ajudar no processo de resolver esses problemas antes que eles cheguem a um ponto em que possam prejudicar o crescimento e a estabilidade”, disse ela à imprensa no fim da reunião.

O FMI projeta um crescimento global de 3,9% neste ano e no próximo, mas alerta que os riscos estão inclinados para baixo.

Cautelosamente otimista

Mnuchin adotou um tom bem diferente de seus colegas, afirmando que o risco à economia global vinha de práticas comerciais injustas, em vez das tensões.

Mas seu anúncio de uma possível visita à China pode arrefecer os ânimos na disputa. Embora a data da ida a Pequim não seja clara e ele não tenha dado detalhes sobre os assuntos a serem discutidos, ele disse que “uma viagem está sendo considerada”.

Entre as 18 reuniões bilaterais que teve com seus colegas nesta semana, Mnuchin ainda encontrou Yi Gang, governador do People’s Bank of China.

A reunião com o presidente do banco central Yi não foi focada em comércio, mas Mnuchin disse que continua “cautelosamente otimista” sobre o assunto.
“As discussões ficaram realmente em torno das ações do presidente do POBC e de certas ações que eles anunciaram em termos de abertura de seus mercados, que nós encorajamos e valorizamos muito”, disse Mnuchin.

Em sua declaração ao FMI, Yi também alertou que “uma escalada de atritos comerciais causados por ações unilaterais” representa um risco para as perspectivas econômicas globais e pede para os países usarem organizações multilaterais “baseadas em regras” para resolver as diferenças.

Fonte: G1
Créditos: G1