A balança ajudou Eddie Lacy. O running back do Seattle Seahawks ganhou US$ 55 mil (R$ 182,5 mil na cotação atual) nesta segunda-feira ao bater o peso sugerido pela franquia. Sim, está no contrato. E vários acordos por aí contam com cláusulas, no mínimo, curiosas.

O caso de Lacy é um deles. Caso se mantenha no peso durante a temporada da NFL, o atleta pode receber um bônus de até US$ 385 mil (cerca de R$ 1,275 milhão), além de seu salário de US$ 2,865 milhões (quase R$ 9,5 milhões). Nada mal, não?

 

Será divertido e interessante ficar em cima (não literalmente) da balança de Lacy, mas não se engane: ele está longe de ser o atleta que tem uma curiosa cláusula de incentivo em seu contrato.

Veja, abaixo, algumas tentativas criativas de motivar – ou desencorajar – atletas profissionais ao longo dos anos:

Onde, quando, contra quem quiser

A cláusula ficou conhecida como “Love of the Game” e foi responsável por segurar Michael Jordan no Chicago Bulls. Em 1988, a franquia eliminou todas as restrições aos hábitos de basquete do jogador, já que o artigo previa que ele poderia jogar onde quisesse, quando quisesse, contra quem quisesse. E se ele sofresse uma lesão? Sem problema: seu contrato milionário estava protegido.

Vale lembrar que, na época, Jordan ainda estava no caminho de se tornar “O” Jordan, mas não tinha conquistado nenhum título pelos Bulls. Daí a concessão ser tão extraordinária.

O dobro para não jogar

Diana Taurasi comandou os EUA em mais uma vitória

Diana Taurasi é uma das melhores jogadoras da história da WNBA. Em 2015, ela recebeu uma oferta inusitada do UMMC Ekaterinburg, da Rússia: assine agora, não dispute a próxima temporada da liga americana, receba o dobro por isso e depois venha para cá. Ela, que atuava no Phoenix Mercury, mas vinha sofrendo com uma sequência de lesões, aceitou.

O máximo que ela poderia ter recebido naquela temporada nos EUA girava em torno de US$ 110 mil (cerca de R$ 365 mil), e a proposta russa era de US$ 200 mil (mais de R$ 662 mil). Ou seja, ela ganhou para não jogar.

Grana por um bigode

Rollie Fingers, um dos bigodes mais famosos da história do beisebol
O bigode mais famoso em todos os esportes americanos surgiu de um incentivo no contrato. E também encerrou a carreira do jogador de beisebol Rollie Fingers.

Em 1972, o dono do Oakland Athletics, Charlie Finley, abriu uma exceção e permitiu à estrela Reggie Jackson, um dos gigantes da história, que usasse bigode. Mais do que isso, Finley criou a “Noite de Bigode” e ofereceu aos outros jogadores do elenco US$ 300 (quase R$ 1 mil) para que cada um deixasse crescer os seus pelos faciais.

Fingers, então um arremessador de 26 anos, foi além e adicionou o seu toque pessoal para torná-lo único. Deu tão certo que, posteriormente, os A’s adicionaram ao seu contrato uma ajuda anual de cerca de US$ 100 (cerca de R$ 330) por ano com cera de bigode.

O bigodudo se tornou agente livre em 1986 e esperava assinar com os Cincinnati Reds. Mas a franquia exigia que ele raspasse o bigode para se adequar à política da equipe. Resultado: Fingers preferiu se aposentar. Ele, sim, tinha é um compromisso sério com o bigode.

Dois cavalos

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Os Texas Rangers queria, de todas as formas, garantir que Rougned Odor, jovem promessa venezuelana, se firmasse como segunda base da equipe por muito tempo. Assim, a franquia ofereceu um contrato de seis anos e pelo menos US$ 49,5 milhões (cerca de R$ 164 milhões) garantidos. Ao ouvir a proposta do gerente geral Jon Daniels, Odor não teve nenhuma reação aos números.

Foi aí que o dirigente usou uma informação pessoal do atleta: funcionários da equipe sabiam que Odor comprara terras no Texas e tinha muito apreço por cavalos. Daniels, então, deslizou seu celular pela mesa, mostrando uma foto de dois cavalos. “Seus olhos brilharam”, disse o dirigente. E o caubói venezuelano assinou o esperado contrato. Claro, dois cavalos foram entregues em sua propriedade, cortesia dos Rangers.

Até o fim do mundo

Rick Mirer se aquece antes de uma partida do Seattle Seahawks

Rick Mirer se aquece antes de uma partida do Seattle Seahawks

Escolha número 2 no Draft de 1993, Rick Mirer entrou na NFL no início da era do “salary-cap”, o teto salarial para as franquias. Era uma época de incertezas quanto à mecânica e ao impacto da nova resolução. Então, os agentes do jogador, Marvin Demoff e Don Yee, navegaram pela nova estrutura para garantir um contrato totalmente garantido. Um dos métodos usados foi replicar uma prática da indústria bancária, ao escrever que os termos “sobreviveriam e permaneceriam efetivos a partir da data de execução deste contrato até o fim do mundo”.

Chefão da NFL na época, Paul Tagliabue inicialmente rejeitou o contrato. Posteriormente, um acordo com a NFL Players Association (a Associação de Jogadores da liga) proibiu o uso da frase. No entanto, o contrato de Mirer permaneceu intacto, inclusive com a expressão, fazendo com que o assunto se tornasse motivo de piada nos vestiários. Quando um colega de equipe perguntou o que aconteceria se Mirer estivesse em um ônibus espacial e o mundo explodisse debaixo dele, Mirer respondeu: “Eu ficaria com o ônibus.”

Nada de ir para o espaço

Stefan Schwarz, o homem que 'correu o risco' de ir para o espaço... literalmente

Stefan Schwarz, o homem que ‘correu o risco’ de ir para o espaço… literalmente

Em 1999, o meio-campista sueco Stefan Schwarz assinou com o Sunderland, da Premier League. Mas, antes de finalizar o contrato de quatro anos, o clube pediu que ele não se envolvesse com o espaço sideral.

Explicando: de acordo com a BBC, um dos empresários de Schwarz havia comprado ingressos para embarcar em um ônibus espacial comercial que deveria ser lançada em 2002. O clube estava preocupado que o jogador embarcasse – literalmente – na nave, e o seguro no contrato não cobriria nenhuma lesão (ou algo pior) que pudesse acontecer no espaço. Então, infelizmente, Schwarz concordou em permanecer neste planeta durante seu contrato.

A patetice do Los Angeles Rams

Sabe o que é um palíndromo numérico? É aquele que tem a mesma sequência na leitura tanto da esquerda para a direita como da direita para a esquerda. E o que isso tem a ver com o esporte? O Los Angeles Rams resolveu dar uma de engraçadinho em seus contratos e passou a usar esses números. Ou seja, por que pagar um salário de US$ 10,5 milhões por temporada a Tavon Austin se você pode oferecer US$ 10.555,501?

A franquia ainda gosta de fazer outras brincadeiras, como, por exemplo, dar nome às cláusulas de contratos de seus atletas. Assim, ao invés de “Artigo V”, o punter Johnny Hekker tem uma cláusula intitulada “Johnny Kickball” em seu acordo.

Tony Pastoors, assistente sênior dos Rams e responsável pelas negociações de contratos, explica: “É só uma coisa divertida de fazer. O futebol é feito, supostamente, para ser divertido”. Então é isso!

Mais números

Em 2008, o Minnesota Vikings contratou o defensive end Jared Allen do Kansas City Chiefs. O bônus pela assinatura de contrato foi exatamente de US$ 15.500.069,00. Por que os US$ 69 extras? Por ser o número da camisa de Allen.

Outro fato curioso foi feito em 2015, quando o New York Jets fecharam o contrato do cornerback Darrelle Revis por US$ 14.024.212,00. O 24 foi por causa do número da camisa do jogador, e o 212 corresponde ao código da área em Nova York. Um mimo!