choro

Menino chora após derrota do do Espectros para o Cruzeiro

Tão acostumado com vitórias, ele chora. Tão acostumado com a glória, ele esconde o rosto avermelhado pela dor.
Tão acostumado com o orgulho dos vitoriosos, ele tem dificuldades de entender o que de fato aconteceu.
Tão acostumado com os troféus, ele perde fala, consciência e norte.E em meio a cenas desfocadas sobre um jogo atípico, ele chora, pranteia, despoja-se indefeso.Triste, desolado, sozinho. Paciência!

Chora porque dói mesmo. Chora porque é incompreensível mesmo.
Chora porque descobre que, afinal, não existem times imbatíveis. E chora, de forma ainda mais doída, por ser jovem.
Por ver perdida a ilusão da felicidade eterna. Por perceber, enfim, que, tal como a vida, o esporte não é feito apenas de conquistas. Ele sente o sufocamento típico de quem é apresentado a uma realidade que não costumava viver. Que não ousara sonhar. Que não imaginara possível. E é diante do imponderável que convulsiona-se em choro. Desespera-se em soluço.

O João Pessoa Espectros, invicto até então em 2017; o Espectros, de melhor ataque e de melhor defesa; o Espectros, de verdadeiras lendas do futebol americano no Brasil e uma das bases da seleção brasileira da modalidade, eis que foi derrotado neste domingo pelo Cruzeiro, por largos 30 a 13.
De forma incrivelmente merecida, diga-se.

Não duvide:

É justo por ser tão acostumado com o sucesso de um time heróico, de um grupo de bravos atletas que tão bem representa João Pessoa, que tão bem honra seu povo, que o menino recusa-se a acreditar no que vê diante de seus olhos. E, como último alento, como última defesa, como última saída, chora, pois.

É um choro comovente, não restam dúvidas.
Porque, afinal, é choro de quem é desacostumado a sofrer. É dor de quem nunca tinha vivido um drama na vida.
Mas, acredito também, é choro que consola. Que molda caráteres. Que forjam campeões. Que faz bem, portanto.
Mais cedo ou mais tarde, essa dor se apaziguará.

E você, menino, vai conseguir perceber que mesmo nas tragédias é possível enxergar as qualidades de um time mágico. É possível aplaudir um patrimônio da Paraíba. É possível entender que, afinal, pela quarta vez em sua história o João Pessoa Espectros se coloca entre os dois melhores clubes de futebol americano do Brasil.
Chore, menino.
Chorar faz bem, eu já disse.

Alimenta aquele desejo ardente de querer voltar a ser o melhor.
Que o choro do menino reverbere no time, nos atletas, no brio e nos sonhos de um grupo de campeões.
E que logo, logo… meninos, adultos e atletas… estejam mais uma vez unidos em torno de uma mesma Identidade Fantasma. Em torno de um mesmo campo de futebol americano. Unidos em prol de um mesmo sentimento de paraibanidade.
Porque, no fim de tudo, a gente sabe que 2018 é logo ali.

Fonte: Globo Esporte PB
Créditos: Globo Esporte PB