Prodígio

Garoto de 16 anos pode ser o primeiro brasileiro a fechar contrato milionário no beisebol

Nas colinas de Ibiúna, acima dos eucaliptos e a cerca de 80 km a oeste do centro de São Paulo, um olheiro de grandes ligas está atrás do home plate no estádio do Centro de Treinamento Yakult em um domingo de tarde em abril.

Nas colinas de Ibiúna, acima dos eucaliptos e a cerca de 80 km a oeste do centro de São Paulo, um olheiro de grandes ligas está atrás do home plate no estádio do Centro de Treinamento Yakult em um domingo de tarde em abril. Da sombra do placar, ele aponta seu radar para o campo, no qual o arremessador Eric Pardinho, de 16 anos, está surpreendendo e superando os adolescentes normais que não tinham nada a ver com a história ao enfrentá-lo.

Próximo dali, outros avaliadores elogiam a técnica do jovem arremessador. Falam da forma como ele gira a metade inferior de seu corpo para criar o movimento de alavanca que alguém cuja altura de 1,75 m generosamente distribuída não deveria conseguir criar. Falam sobre como as suas mãos estão em uma posição perfeita quando o pé frontal pisa no chão. E sobre a continuidade do movimento. “Você assina contrato com as pessoas e trabalha com elas por três anos nas ligas menores para fazer com que façam tudo isso”, diz o olheiro.

Setembro passado, com 15 anos, Pardinho virou sensação quando lançou uma bola a 144 km/h para adultos nas eliminatórias do World Baseball Classic em Nova York. Quase um ano depois, com a janela de contratos internacionais da MLB prevista para começar em 2 de julho, espera-se que ele assine o maior contrato já oferecido a um prospecto brasileiro.

Mas nem todos estão convencidos. Alguns executivos da MLB se questionam sobre o tamanho do garoto e a falta de competitividade no Brasil, um país fanático por futebol que produziu a sua primeira grande liga apenas em 2012 e mandou um total de três jogadores para as grandes ligas. Então, ele vale a pena? A resposta depende do poder do arremesso… do poder de convencimento, na verdade.

Nas arquibancadas, na linha da primeira base, o pai de Pardinho, Evandro, observa atentamente. Na sexta-feira, ele dirigiu 480 km para assistir o jogo do filho em um torneio de final de semana, como ele sempre costuma fazer. No sábado, ele quase infartou quando seu filho tentou aproveitar um wild pitch correndo desde a segunda base, deslizando para o home plate em uma jogada frenética na qual o arremessador passou por cima de Pardinho, evitando uma bela colisão. No domingo, mesmo sendo o jogo do título, o novo rosto do beisebol brasileiro está em situação diferente. Ao invés dos cinco ou seis entradas que Pardinho jogaria normalmente, ele jogará em apenas duas.

Com relação ao seu pai, cuja busca implacável de posicionar o seu filho nas grandes ligas fez com que Eric se tornasse o primeiro candidato brasileiro a ter um agente, tem uma abordagem cuidadosa.

“O meu maior medo é de ele se machucar”, afirma Evandro. “Quero colocá-lo em uma bolha”.

Fonte: ESPN