Vaquejada como esporte: Perdoem-me os vaqueiros, mas essa atividade não é esporte é uma crueldade - Por Laerte Cerqueira

No vácuo do fortalecimento “institucional” da vaquejada estão os empresários e gente “grande”. Donos de parques, casas de shows, fábricas de bebidas. Gira muito dinheiro.

contra-vaquejada

Vaquejada. Esporte?
Por Laerte Cerqueira

(Do Jornal da Paraíba) – As entidades que lutam pela proteção dos animais estão indignadas com a nova Lei que reconhece a vaquejada como um esporte. Em conjunto, pelo menos seis delas devem entrar, esta semana, com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), baseada no Art. 225 da Constituição, alegando que o estado tem obrigação de evitar que animais sejam vítimas de tortura e crueldade. Se o caminho for mais demorado, devem pedir a revogação da Lei e esperam contar com boa parte da opinião pública e da sociedade para pressionar os deputados e o governador. A Lei de autoria do deputado Doda de Tião (PTB) foi aprovada pelos parlamentares ano passado. Nas mãos do governador, “recebeu” uma sanção tácita, quando o chefe do executivo não sanciona, silencia e não veta. Aí, voltou para a AL e foi promulgada.
Ao tomar conhecimento, ativistas iniciaram uma avalanche de críticas à Lei nas redes sociais. Uma das mais fortes foi da apresentadora de TV, Luisa Mell, que escreveu na sua página do Face: “Amigos, estou muito triste com a decisão da Paraíba, que acabou de reconhecer a vaquejada como atividade esportiva em todo o Estado.Para quem não sabe, a vaquejada é um dos “esportes” mais cruéis que existem (…)Lamentável, lamentável, lamentável!”.Dezesseis horas depois de publicado, o post tinha mais de 10.800 compartilhamentos, quase 10 mil comentários e mais de 31 mil curtidas.
A Lei foi apresentada pelo deputado paraibano no dia 18 de agosto de 2014. Na justificativa, Doda de Tião, que é fazendeiro e um dos donos do Parque de Vaquejada Tião do Rêgo, em Queimadas, alegou que a atividade emprega mais de cinco mil pessoas no estado. Na PB, segundo ele, são realizados mais de 200 eventos por ano. No projeto, afirma ainda que “reconhecer a vaquejada como esporte vai manter forte e viva a cultura nordestina por meio das festas, integrando as várias atividades correlacionadas culturalmente, como literatura, culinária, música e poesia.” Como ele, os defensores garantem que os animais são tratados como “reis”, com a melhor alimentação, cuidados especiais, medicação, para entrar “bonito” e “saudável” na disputa.
Perdoe-me os vaqueiros, mas essa atividade não é esporte. Apesar de na origem da palavra esporte figurar o significado diversão, ele carrega também o princípio da disputa saudável entre iguais (ou que se preparam para isso), na sua essência está a superação dos limites individuais, porque a quebra da própria barreira sozinho ou em grupo traz o prazer, a leveza e a diversão. A vaquejada pode trazer esse sentimento ao homem,mas por meio da violência ao animal. Dar a melhor alimentação, cuidar do bicho para jogá-los na arena dos “bárbaros” não é transformar essa atividade sertaneja, que nasceu na luta pela sobrevivência, em esporte.
Confesso que não consegui ver no texto do projeto os efeitos práticos dessa Lei. Mas espero, sinceramente, que o governador não permita que a Secretaria de Esportes ou qualquer outra pasta destine dinheiro público para a atividade. Que não use o dinheiro dos nossos impostos para patrocinar a tortura aos animais. Independentemente das opiniões, o assunto trará uma profunda discussão jurídica. Importante. Assim como foi a tourada na Espanha. Vale ressaltar que na Constituição há dispositivos que garantem a livre manifestação cultural (no Nordeste é considerada como tal), mas essa mesma legislação, diz que é dever do estado proteger animais de qualquer tipo de crueldade. Mais uma vez, perdoem-me os defensores da vaquejada, mas derrubar o boi pelo rabo, vê-lo ser arrastado à força, até ir ao chão, sobrevivendo, ficando apenas ferido ou não, é uma crueldade que o Estado não pode patrocinar. Há maneiras mais dignas de fortalecer a nossa cultura e as nossas manifestações.
Ainda vaquejada
No vácuo do fortalecimento “institucional” da vaquejada estão os empresários e gente “grande”. Donos de parques, casas de shows, fábricas de bebidas. Gira muito dinheiro.

Ceará
Em Janeiro de 2013, o Ceará aprovou uma Lei parecida, que regulamenta a vaquejada como atividade desportiva e cultural.

Ceará II
Em maio do mesmo ano, o MPF ingressou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no STF, baseado no Art. 225 da Constituição Federal. O caso ainda não foi julgado.

Fortaleza
Por outro lado, em maio do ano passado, Fortaleza aprovou uma Lei proibindo a vaquejada e o rodeio na área do município.

 

Sem crise

A Prefeita do Conde, Tatiana Correa (PTdoB), divulgou a programação oficial do Carnaval de Jacumã 2015, que será promovido através da Secretaria de Turismo da cidade. A folia será realizada de 13 a 17 de fevereiro, na quadra que fica na beira mar da praia de Jacumã, na Costa do Conde, e vai oferecer atrações musicais como a cantora baiana Margareth Menezes e o paraibano Ramon Schnayder.
Cessão
Cessão tem prazo de 10 anos de validade e todo o custo de manutenção e utilização da aeronave agora vai para o orçamento da Segurança Pública (PM).
Iniciativa

O delegado Paulo Hênio, coordenador da 14ª DSPC, em Monteiro,tomou uma iniciativa muito interessante. Criou uma ‘home page’, onde são colocadas as informações das prisões realizadas por lá.