descriminalização do aborto

Por que o debate sobre descriminalização do aborto não avança no Brasil?

A descriminalização do aborto foi tema de audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF) nos dias 3 e 6 de agosto

A descriminalização do aborto foi tema de audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF) nos dias 3 e 6 de agosto.

“Não é direito de ninguém matar um inocente. Se não quer ter filhos, não os faça”, diz um internauta na publicação sobre a audiência pública na página do STF no Facebook. “Mulheres, apenas fechem as pernas”, diz uma usuária em um post da revista “Marie Claire Brasil” sobre o aborto.

Nas redes sociais, circulam dezenas de memes comparando a vida de fetos aos de animais abatidos em touradas ou informações sobre falsas pesquisas. Uma delas diz que, se a interrupção da gravidez for legalizada, 90% dos bebês serão abortados e a população brasileira será brevemente extinta.

O debate no Brasil sobre uma questão que na França é considerada intrínseca à liberdade pessoal e à saúde da mulher intriga a imprensa francesa. A revista “Marianne” avalia o debate como “crucial”, em um momento em que “o Brasil teme um endurecimento contra o aborto com uma proibição para qualquer caso”.

No entanto, a matéria lembra que a possibilidade de descriminalização do aborto no país é praticamente nula, com a oposição de 64% dos brasileiros, influenciados pelo domínio da igreja católica ou pela ascensão dos movimentos evangélicos.

Já o jornal “Le Figaro” lembra que, atualmente no Brasil, o aborto é autorizado apenas em gravidez ocorrida devido a estupros, que comprometa a vida da mãe ou em casos de anencefalia. “Fora desses casos, a mulher que recorre à interrupção voluntária da gestação corre o risco de ser condenada a três anos de prisão”, destaca.

Para o jornal “Le Monde”, a realidade do aborto no Brasil “é alarmante”. “Entre 500 mil e um milhão de interrupções de gravidez acontecem a cada ano na ilegalidade, 250 mil mulheres são hospitalizadas devido a complicações e mais de 200 morrem praticando o aborto a cada ano”, lembra o diário.

Na França, a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) – foi legalizada em 1975 e vale para todos os casos. A líder da causa, Simone Veil, é uma das personalidades modernas mais admiradas pelos franceses. Falecida em 2017,seus restos mortais foram levados neste ano ao Panteão, onde repousam dezenas das mais importantes figuras da História do país.

Fonte: Uol
Créditos: Uol