INFLUENCERS DO SEXO

INFLUENCERS DO SEXO: a vida das prostitutas que são famosas na web

Ela tem 218 mil seguidores no Instagram e 106 mil no Twitter, posta selfies diariamente, que ganham milhares de likes. Tem fãs virtuais, perfis fakes, haters, e é reconhecida nas ruas com frequência por seus posts. A paulistana Patrícia Kimberly, 33 anos, é uma influencer, mas das mais incomuns: em vez de roupas de grife ou maquiagens, vende programas. Prostituta há 14 anos, descobriu, há quatro, a chance de aumentar a clientela – e os ganhos – nas redes sociais. Atualmente, uma hora com ela sai por R$ 500, o dobro de antes de criar perfis profissionais nas redes.

No Instagram, por exemplo, mostra os lugares que frequenta. Há desde uma foto montada em um touro mecânico em formato de pênis pink até inúmeros closes de seu bumbum, passando por atividades triviais como selfies na piscina com as amigas ou na academia. Todas as poses, claro, são provocantes, e Patty está sempre vestida com roupas justas ou decotadas. As legendas acompanham a ousadia: “Carinha de quem quer aprontar”, “Obrigada meu lindo pela noite, foi um prazer conhecer você”, “Fim de tarde, início de noite… que tal uma cama você e eu? Faremos tudo que a nossa imaginação mandar”. E assim por diante. “Um cliente me disse para investir nas redes sociais para divulgar meu trabalho. Foi a melhor coisa que fiz. Tem dia que fecho cinco jobs pela web. Estou na melhor fase. Até porque ninguém para de fazer sexo na crise”, diz, aos risos.

Influencers do sexo (Foto: Divulgação)

Além dos programas, Patrícia conta que convites para filmes pornôs, presença em eventos e shows eróticos também aumentaram com a exposição. Seu perfil está ativo no site de acompanhantes spartanas.com.br. “Até contracenei com o Kid Bengala, uma superestrela do pornô”, conta ela, que já foi protagonista de cerca de 300 filmes do gênero. “Antes, só quem assistia aos meus filmes me conhecia, hoje alguns seguidores me reconhecem na rua, até aparecem na academia que frequento. Quando vou ao Rio, por exemplo, posto uma selfie e as mensagens para programa começam a chegar. Tudo ficou mais fácil.”

Os clientes e seguidores costumam mandar mensagens privadas para seu perfil. De lá, a conversa segue para o WhatsApp, onde os encontros são agendados. “Os programas são feitos aqui em casa. Me sinto mais segura. O prédio tem portaria e câmeras.” O maior ganho que a internet trouxe para Patrícia foi o controle sobre a própria carreira. Assim como outras profissionais do sexo, as redes sociais libertaram as garotas dos cafetões. “Não preciso mais de intermediário. Agora tiro meu dinheiro livre. Antes um terço era deles.”

Além disso, a superexposição trouxe também mais segurança para o trabalho. “Com as redes, as mulheres assumiram suas identidades. Nada mais é escondido”, diz Maria Aparecida Menezes Vieira, presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais. Por isso, segundo a psicóloga Silvia Malamud, de São Paulo, a atividade ficou mais profissionalizada. “Tudo está explícito: ninguém engana ninguém. Tanto o contratante quanto o contratado podem criticar ou denunciar.” Os clientes também veem vantagens na mudança da abordagem. “Gosto de garotas de programa e as encontro na hora do almoço. Pergunto via Instagram ou Whats­App se têm horário. Tudo é bem rápido. Elas são espertas, colocam fotos provocantes nos perfis”, conta o engenheiro paulistano Claudio*, de 37 anos, que não quer ser identificado. “Hoje requisito muito mais esse tipo de serviço. Se você não vê, não tem vontade, mas se dá aquela olhada no celular sempre tem alguma foto nova…”

O fenômeno, claro, é internacional. O bordel Sheri’s Ranch, um dos maiores estabelecimentos legais do segmento, que fica em Las Vegas, estado de Nevada, famoso centro de prostituição, deu um curso para ensinar suas garotas de programa a usar o Twitter para se promover. O estabelecimento estima que cerca de 40% de sua clientela o conheça graças aos perfis de suas funcionárias na rede social hoje em dia. A reformulação transformou o mercado. Ao longo dos últimos 15 anos, cerca de um terço dos bordéis legais de Nevada (menos de 20, hoje) fecharam porque a internet tornou a busca sexual muito mais fácil.

 

“Só faço poses estratégicas para causar polêmica nos meus perfis. É isso que meu público quer ver!” – Erica Vieira, 30 - Influencers do sexo (Foto: Divulgação)

Fonte: Marie Claire
Créditos: Marie Claire