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Escola de samba critica impasse com Crivella e prevê dificuldade no recebimento de verba

Diante do impasse e da falta de informações, Pacheco já começa a trabalhar com a ideia de não receber a subvenção

O sinal de alerta está ligado para as escolas de samba do Rio de Janeiro. Tudo por causa de mais um ano de dificuldades no recebimento da verba da prefeitura, após a redução em 50% no último Carnaval. Agora a preocupação é com os prazos e até se haverá, de fato, subvenção.

Há na administração municipal quem defenda o pagamento em uma parcela de R$ 900 mil, mas somente após o dia 10 de fevereiro de 2019 – portanto a menos de um mês dos desfiles.

“Não dá para fazer Carnaval em 20 dias”, reclamou o vice-presidente da Mocidade Independente de Padre Miguel, Rodrigo Pacheco, ao Setor 1. O dirigente criticou duramente a falta de informações sobre o repasse da Prefeitura, previsto em R$ 1 milhão por escola. Em protesto, a agremiação cancelou o ensaio de rua marcado deste domingo, 25.

Pacheco conta que, após reuniões com representantes da Prefeitura (a primeira no início de outubro), sem a presença do prefeito Marcelo Crivella, ficou acertado que o pagamento da subvenção se daria em três parcelas. A primeira no dia 12 de novembro, no valor de R$ 250 mil, mas não houve sequer a assinatura do contrato, conta o dirigente. As outras duas estão previstas para 10 de dezembro e 10 de fevereiro – R$ 250 mil e R$ 400 mil, respectivamente. Os R$ 100 mil restantes são pagos após a prestação de contas. Além disso, há outros R$ 500 mil previstos do Uber, no mesmo modelo do ano passado, viabilizados por meio da Riotur, com repasse feito via Lei Rouanet.

A ideia do parcelamento a partir de novembro, segundo o vice-presidente da Mocidade, foi do secretário de Casa Civil, Paulo Messina, contra a proposta do secretário de Fazenda, Cesar Augusto Barbiero, que levantou a possibilidade do pagamento em uma única parcela de R$ 900 mil em fevereiro. Pacheco conta que Messina se mostrou ciente de que as escolas precisam receber pelo menos parte da subvenção com alguma antecedência para preparar o desfile. No entanto, há dias, segundo o dirigente, a Prefeitura não se pronuncia.

“Até agora nada, nem assinamos o contrato, não há uma definição, uma data, e não se consegue falar com ninguém. A Riotur afirma está aguardando o prefeito, mas o prefeito não reponde. A insegurança é total”, critica.

Zero de verba

Diante do impasse e da falta de informações, Pacheco já começa a trabalhar com a ideia de não receber a subvenção.

“Eu acendi essa luz de alerta, tenho essa preocupação. É algo real. Se acontecer, vai inviabilizar os desfiles como planejados, porque 90% das escolas não vão conseguir terminar seus projetos”, declarou o dirigente, que não descarta, porém, a hipótese de as apresentações não acontecerem.

“Desfile vai ter que acontecer de qualquer jeito, porque a TV Globo já pagou o direito de imagem. Temos um contrato que diz que temos que desfilar, mas como vai acontecer vai depender do que o poder público vai colocar em prática. A gente aumenta de forma absurda a arrecadação na época do Carnaval. Falta dar a devida importância”, afirmou. “É constrangedor ter que ficar atrás do prefeito para assinar o contrato”, completou.

Mudanças

Pacheco diz que a Mocidade já busca novas formas de cobrir um possível buraco no orçamento causado pela falta de pagamento da subvenção, mas que tem encontrado dificuldades. A ideia, portanto, é se preparar para não depender da verba oficial.

“O Carnaval como um todo precisa ser repensado. Nós temos que desenvolver ações diferentes, porque estamos ficando para trás. A gente tem falado bastante sobre isso e eu estou ansioso para sentar com a Liesa e as escolas tocar um novo projeto, com um novo modelo de captação, com outros mecanismos que atraiam novos parceiros. Do jeito que está, não estamos atraindo”, concluiu.

Fonte: Agência Brasil
Créditos: Agência Brasil