palhaço polêmico

"Bingo: O Rei das Manhãs" vai representar o Brasil no Oscar 2018

 

O filme “Bingo: O Rei das Manhãs”, de Daniel Rezende, vai representar o Brasil no Oscar 2018 e disputará uma indicação na categoria de melhor filme estrangeiro.

Se a indicação se concretizar, será a segunda vez de Rezende na cerimônia da Academia de Hollywood: ele foi indicado em 2004 pela montagem do filme “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles.

Protagonizada por Vladimir Brichta e inspirada na vida de Arlindo Barreto, intérprete do palhaço Bozo, que fez sucesso nos anos 1980 na TV brasileira, a estreia de Rezende na direção desbancou concorrentes como “Como Nossos Pais”, de Laís Bodanzki, “Corpo Elétrico”, de Marcelo Caetano, “O Filme da Minha Vida”, de Selton Mello, “Gabriel e a Montanha”, de Fellipe Barbosa, “João, o Maestro”, de Mauro Lima, “Polícia Federal – A Lei É Para Todos”, de Marcelo Antunez, e “Vazante”, de Daniela Thomas.

O anúncio foi feito nesta sexta-feira (15) na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, pela comissão indicada pela Academia Brasileira de Cinema (ABC).

Até chegar ao Oscar, em 4 de março de 2018, “Bingo” ainda enfrenta duas peneiras: em dezembro, a Academia divulga uma lista de pré-selecionados entre os filmes submetidos pelos países; e em 23 de janeiro serão divulgados os cinco indicados, juntamente com as outras categorias.

A escolha

Segundo Jorge Peregrino, vice-presidente da ABC e presidente da comissão, a decisão foi tomada depois de uma discussão “encrencada”. “Não procuramos adivinhar as preferências dos ‘velhinhos’ da Academia, tentamos escolher a produção que tivesse qualidades de um bom filme”, justificou, referindo-se ao fato de que os membros que geralmente votam no Oscar de filme estrangeiro costumam ter idade elevada.

“A gente quis escolher o que consideramos o melhor filme, a melhor produção feita no Brasil este ano”, completou o cineasta Miguel Faria Jr. “Foi um ano de uma excelente safra para o cinema brasileiro, foi uma escolha muito difícil”, disse ele.

Segundo o diretor de teatro André Carreira, “foi difícil decidir. Havia três ou quatro filmes que poderiam representar muito bem o Brasil”.

O roteirista Doc Comparato explicou como a comissão chegou à decisão final. “O critério para selecionar o finalista foi que representasse o universo brasileiro, que expressasse uma boa linguagem cinematográfica, e que pudesse ser compreendido internacionalmente”.

A comissão ainda contava com a participação de David Schurmann (diretor de “Pequeno Segredo”, representante de 2017), Iafa Britz (produtora) e João Daniel Tikhomiroff (produtor publicitário e cineasta).

O Ministério da Cultura decidiu passar o processo de escolha para a ABC este ano depois da polêmica envolvendo “Aquarius” no ano passado. O filme era tido como favorito para representar o país, mas foi preterido e muitos viram razões políticas para a escolha, já que o elenco do longa havia protestado contra o governo Temer durante o Festival de Cannes.

O Brasil no Oscar

Os últimos escolhidos para representar o Brasil foram “Pequeno Segredo” (2017), de David Schurmann, “Que Horas Ela Volta” (2016), de Anna Muylaert, “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” (2015), de Daniel Ribeiro, “O Som ao Redor” (2014), de Kléber Mendonça Filho, “O Palhaço” (2013), de Selton Mello, “Tropa de Elite 2” (2012), de José Padilha, “Lula, o Filho do Brasil”, de Fábio Barreto (2011), “Salve Geral”, de Sérgio Rezende (2010), “Última Parada 174”, de Bruno Barreto (2009), “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, de Cao Hamburger (2008) e “Cinema, Aspirinas e Urubus”, de Marcelo Gomes (2007).

A última vez em que o Brasil figurou entre os pré-finalistas foi em 2008, com “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”.

Os últimos vencedores do Oscar de filme estrangeiro foram “O Apartamento”, do Irã (2017), “O Filho de Saul”, da Hungria (2016), “Ida”, da Polônia (2015), e “A Grande Beleza”, da Itália (2014).

Créditos: UOL