ARTE CONTRA VIOLÊNCIA

Arte e violência: travesti Dandara dos Santos é tema de trabalho em Universidade de Londres

Artista visual Nayara Leite é a autora da instalação apresentada na University of the Arts, na capital inglesa, que busca alertar para a homofobia e transfobia no Brasil. Assassinato de Dandara chocou o Brasil e repercutiu internacionalmente.

Artista visual Nayara Leite é a autora da instalação apresentada na University of the Arts, na capital inglesa, que busca alertar para a homofobia e transfobia no Brasil. Assassinato de Dandara chocou o Brasil e repercutiu internacionalmente.

Morta em fevereiro deste ano e com vídeo da barbárie exposto na internet, a travesti Dandara dos Santos alertou o Brasil para a violência a gays, lésbicas, bissexuais, trans e travestis (LGBTs). Em maio, virou tema de obra de uma instalação na University of the Arts, em Londres. A autora do trabalho é a ativista e artista visual Nayara Leite, de 28 anos, cearense que faz mestrado em Fotografia Documental na capital da Inglaterra. O resultado do trabalho está disponível no site da artista.
Para a disciplina “Rethink” (“Repensar”), ela utilizou 136 fragmentos do vídeo do espancamento de Dandara, além do nome das 136 pessoas trans mortas no Brasil entre fevereiro de 2016 e fevereiro de 2017, segundo os números divulgados pela Rede Trans Brasil.

“O trabalho da Dandara foi muito desgastante. Eu passei horas e horas vendo notícias de morte, vendo quantas pessoas trans foram assassinadas, a causa da morte delas. Fiz uma instalação de arte, com um pôster com imagens que eu tirei do vídeo. Tinha um carrinho de mão, porque ela foi carregada no carrinho de mão e para mim ele é o símbolo-chave do vídeo. Dentro do carrinho de mão, eu enterrei fotos da Dandara com terra”, afirma Nayara Leite ao G1.


“É como se fosse um ritual fúnebre que eu performei. Em cada foto, eu coloquei o nome de cada pessoa trans que foi assassinada no Brasil entre fevereiro de 2016 e de 2017. Foram 136 pessoas, com ela. Usei esse número no pôster e nas fotos da carrinho de mão e o número de vezes que eu joguei terra no carrinho. Usei esse número para impactar. Quando a gente vê número, a gente reflete. Quase uma pessoa a cada três dias. Foi uma estatística que me preocupou. Lá (na Inglaterra), ninguém sabia disso”, completa.

Fonte: G1