Agência de Ronaldo rompe com UFC e deixa lutadores

15313513
Josh Hedges/Divulagação
Ronaldo e Anderson Silva durante evento do UFC em Las Vegas, em 2012 – SÉRGIO RANGEL – DO RIO

Ronaldo decidiu peitar o UFC, principal organização de artes marciais mistas (MMA) do mundo. A empresa de marketing esportivo do ex-jogador anunciou nesta terça-feira (10) que vai “se retirar de qualquer negociação que envolva o UFC, seus eventos ou lutadores”.

A 9INE gerencia a carreira de atletas como Vitor Belfort, que venceu na madrugada de domingo (8) a principal luta em São Paulo, e de Junior Cigano. A empresa também representava Anderson Silva, mas se desligou dele poucos meses antes do “Spider” ser flagrado no antidoping após sua luta com Nick Diaz.

Ronaldo vai romper com o UFC por discordar de sua nova política de patrocínios.

Desde julho, os lutadores foram obrigados a vestir a marca de acessórios esportivos da organização, a Reebok, e não podem mais estampar seus patrocinadores pessoais no octógono. Os banners personalizados dos atletas foram banidos.

A tabela de compensação divulgada pelo UFC em abril divide lutadores por tempo nas ligas de MMA organizadas pela Zuffa, empresa dona dos direitos do UFC e dos finados WEC e Strikeforce, e distribui entre US$ 2,5 mil (R$ 9,5 mil) a US$ 40 mil (R$ 150 mil) para os atletas.

Os lutadores também reclamam das políticas do UFC. Campeão dos pesos-penas, José Aldo disse que os atletas “perderam bastante”. Alguns estimam um prejuízo de cerca de R$ 40 mil mensais

A agência de Ronaldo acredita que a nova política de patrocínio, classificada de injusta, fere diretamente todos os atletas da organização, além das empresas que apoiaram e apostaram no UFC.

SURPRESA

A decisão da 9INE surpreendeu. O ex-atacante da seleção brasileira chegou a colaborar com a promoção de eventos do UFC no passado. Ele participou, inclusive, de treino aberto de Anderson Silva, que se trata de um importante evento promocional dos eventos do UFC.

Na atividade, ele fazia movimentos de luta e colocava a mão para cima como se fosse um campeão arrancando aplausos dos fãs de MMA.

A organização, por sua vez, posicionava o ex-atacante em lugar de destaque nas arenas, bem próximo ao octógono.

A 9INE foi criada há cerca de quatro anos por Ronaldo em parceria com o empresário Marcus Buaiz, ao lado do Grupo WPP. O primeiro cliente foi Anderson Silva.

Até a publicação desta reportagem, o UFC não comentou a decisão da 9INE de deixar de trabalhar com o MMA.

VEJA A ÍNTEGRA DO COMUNICADO DA NINE

Comunicamos que a partir desta data a 9ine Sports & Entertainment se retira de qualquer negociação que envolva o UFC, seus eventos ou lutadores. A agência não acredita no novo modelo adotado pela empresa na captação de patrocínio e é de opinião que este fere diretamente todos os atletas da organização, além das empresas que apoiaram e apostaram no UFC por longos anos.

A história entre 9ine e UFC é antiga. Fomos a primeira agência de marketing esportivo e entretenimento a mergulhar de cabeça em projetos propostos pela franquia. Fomos também pioneiros ao trabalhar a imagem de lutadores como Anderson Silva, Junior Cigano e mais recentemente Vitor Belfort.

Todos campeões e referências em suas categorias. Mas nem só de negócios se faz uma grande empresa. Temos princípios fundados na visão de um ex-atleta e amante do esporte. Nosso presidente, Ronaldo Nazário, não tolera ver uma organização alterar suas regras de captação de patrocínio e remuneração dos lutadores – de maneira arbitrária – sem tomar uma posição.

Sendo assim, a 9ine sai do “negócio UFC” sem deixar de se posicionar a respeito do que acreditamos ser uma injustiça com os atletas, verdadeiros guerreiros, que vivem do MMA. A eles, desejamos todo o sucesso e sabedoria para lidar com as dificuldades que se avizinham