Acidentes envolvendo motocicletas custam R$ 3 mi ao SUS na Paraíba

Valor foi contabilizado pelo SUS para prestar assistência a vítimas de ocorrência com motos de janeiro a agosto

O professor Tarcísio Oliveira, 33 anos, trafegava por um cruzamento do Conjunto Acácio Figueiredo, em Campina Grande, em setembro deste ano, quando sua motocicleta foi atingida por um ônibus. Ele foi socorrido para o Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, com escoriações leves e luxações, mas ainda sente dores nas costelas. Ele garante que os prejuízos com seu veículo foram cobertos pela empresa do coletivo, mas os custos com a internação no hospital já foram contabilizados nos mais de R$ 3 milhões que o Sistema Único de Saúde (SUS) utilizou este ano na Paraíba para realizar a assistência no Estado.

Os recursos foram utilizados para garantir a internação às milhares de vítimas de acidentes de motos entre janeiro e agosto desse ano, e confirmam um problema que já é considerado pelo diretor técnico do Hospital de Trauma Humberto Lucena, Edvan Benevides, como um problema de saúde pública que vem crescendo nos últimos anos sem controle.

Dados do Ministério da Saúde revelam que em 2013 na Paraíba foram notificados 3.108 internações que custaram ao governo R$ 4,2 milhões. Enquanto que no ano passado as 3.169 internações representaram um gasto de R$ 3,8 milhões.

Nos dois maiores hospitais de referência para o atendimento de emergência na Paraíba, os hospitais de Trauma de João Pessoa e Campina Grande, a quantidade de atendimentos revela que o problema é bem maior que o registrado apenas com as internações. Em 2014, as unidades prestaram assistência a 20.828 pessoas e entre janeiro a setembro desse ano já atenderam 12.900 vítimas de ocorrências com motociclistas.

Os gastos divulgados pelo SUS contabilizam apenas o valor da assistência nos hospitais de emergência, sem incluir os custos com cirurgias reparadoras e sessões de fisioterapia, como as que o ambulante Francisco Manoel, 51, vem realizando para tentar recuperar integralmente os movimentos de seu braço esquerdo, depois que sofreu um acidente de moto em abril deste ano, na avenida Epídio de Almeida, no bairro do Catolé, em Campina Grande.

O ortopedista do Hospital de Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes Rodolfo Coimbra ressalta que a maior parte dos acidentados com motocicletas necessita de outras cirurgias complementares e de sessões de fisioterapia para complementar sua recuperação. Ele explica que as lesões mais frequentes nas vítimas são as fraturas expostas em pernas, pés e tornozelos, perda de dedos e membros, além das complicações com infecções causadas pelas contaminações sofridas nas quedas.

Os recursos investidos pelo SUS também não contabilizam os prejuízos provocados pelas mortes. Em 2014, foram registrados 358 e em 2015, entre janeiro e setembro chegaram a 262.

O crescimento com dos gastos com a assistência às vítimas de acidentes de moto na Paraíba é também uma consequência da rápida elevação do número de motocicletas no Estado. Em 2000, elas eram 51.960 unidades e em 2014 elas chegaram a 454.366.

Jornal da Paraíba