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Comportamento inédito das mulheres pode mudar o rumo das Eleições? Por Marcos Cândido

As mulheres devem protagonizar na tarde deste sábado (29) cerca de 100 protestos contra Jair Bolsonaro em cidades do Brasil e do mundo. 

As mulheres devem protagonizar na tarde deste sábado (29) cerca de 100 protestos contra Jair Bolsonaro em cidades do Brasil e do mundo. O candidato do PSL, que lidera as pesquisas de intenção de voto, é o alvo de uma campanha que cresceu exponencialmente nas últimas semanas entre elas. A hashtag #EleNão se espalhou pelas redes sociais – inclusive com o apoio de artistas e celebridades brasileiras e internacionais – e hoje se materializa nas ruas.

A criação de um grupo no Facebook, o “Mulheres Unidas contra Bolsonaro”, também mobilizou eleitoras contrárias às declarações machistas e homofóbicas do candidato. Já eram mais de 3,5 milhões de mulheres até ontem (28).

Especialistas em opinião pública afirmam que o comportamento inédito do eleitorado feminino — mais distante do voto masculino — poderá enfraquecer a campanha de Jair Bolsonaro em um eventual segundo turno. E mais: consideram que o efeito dos atos convocados para hoje já poderá ser avaliado na próxima semana, às vésperas da eleição.

Não à toa, as mulheres formam o grupo que mais rejeita a candidatura de Jair Bolsonaro à presidência. Segundo pesquisa do Datafolha divulgada nesta sexta (28), Bolsonaro acumula uma rejeição de 49% entre elas. Comparado com a mesma pesquisa divulgada há cerca de uma semana, a rejeição feminina manteve a mesma porcentagem. Em comparação, Marina Silva (Rede) tem a segunda maior rejeição entre as mulheres, com 29%.

Nesta eleição, elas pararam de acompanhar o voto dos homens

“As mulheres sempre decidiram o voto mais tarde, e 12% delas ainda dizem que irão votar em branco e nulo. Mas, diferentemente das eleições presidenciais de 2014, quando mulheres começaram indecisas e depois aproximavam seus votos aos dos homens, nesta eleição elas parecem ter opinião própria. É uma situação específica de 2018, no qual temas como assédio sexual, igualdade salarial e violência doméstica estão em forte debate – e é por isso, inclusive, que candidatos podem ter apostado em mulheres como vice”, analisa.

Para Elis Radmann, mestre em ciência política e diretora do Instituto de Pesquisas de Opinião, embora ainda indecisas, elas foram estimuladas a se posicionar após os adversários relembrarem episódios de agressão a mulher protagonizados por Bolsonaro.

No início da campanha, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) veiculou um vídeo em que atores recriam a discussão entre Bolsonaro e a deputada federal Maria do Rosário, em 2003, e também com a repórter da RedeTV!, Manuela Borges, em 2014. Em agosto, o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a multa de R$ 10 mil ao candidato por dizer que Rosário não merecia ser estuprada por ser “muito feia”. A repórter chamada de “idiota” por Bolsonaro não prosseguiu com o processo.

Outro episódio de repercussão negativa e explorado pelos adversários foi a fala do vice do candidato, o general da reserva Hamilton Mourão, de que filhos criados por mães e avós têm mais risco de ser aliciado ao tráfico de drogas, gerando uma “fábrica de desajustados”.

Fonte: UOL
Créditos: UOL