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TCC vira empresa que transforma borra de café em brinco, colar e relógio

Ana Paula disse que o modelo de negócio é conhecido como “upcycling”, que é dar novo uso a um produto que seria descartado.

Depois de passar o café no coador, o que você faz com o pó usado? A empresa Recoffee Design, de Ribeirão Preto (SP), recicla a borra de café e a transforma em acessórios e objetos de decoração, como brinco, colar, relógio de parede, bandeja e luminária. A empresa surgiu a partir do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) de Ana Paula Naccarato, 24, em 2017.

O investimento inicial foi de R$ 50 mil. A empresa não revela faturamento nem lucro do ano passado.

“A ideia de abrir a empresa partiu da minha crença de que a sustentabilidade deve ser um importante pilar da nova economia”, disse Ana Paula, sócia e responsável pela produção. Ela se formou em Design de Produto na Faap (Fundação Armando Alvares Penteado), em São Paulo, com o TCC “Recoffee: a reutilização da borra de café sob a perspectiva do design”.

Ana Paula disse que o modelo de negócio é conhecido como “upcycling”, que é dar novo uso a um produto que seria descartado.

Segundo ela, a borra de café passa inicialmente por um processo de secagem em estufa. Depois são adicionadas resinas vegetais, que darão textura ao composto, para ele ser melhor moldado. Esse composto é então colocado em moldes para posterior montagem e acabamento.

As peças feitas com borra de café são resistentes e não estragam, de acordo com a empresa. “A borra de café das peças é protegida por uma camada de impermeabilização que faz com que tenhamos um período de uso indeterminado dos produtos”, disse Ana Paula.

13 quilos de borra de café por semana

A empresa recolhe a matéria-prima em duas cafeterias de Ribeirão Preto. Em média, são 13 quilos de borra por semana.

Hoje, a Recoffee Design produz 85 modelos de peças com borra de café, entre elas objetos de decoração e acessórios como pastilhas e placas para revestimento de parede (sob encomenda) e brincos e colares (as peças recebem banho de ouro).

Os preços variam de R$ 35 (vaso pequeno) a R$ 330 (conjunto de brincos, escapulário e gargantilha). Os produtos, que têm tons variáveis de café (do mais claro ao mais forte) são vendidos por meio do ecommerce e em duas lojas em Ribeirão Preto e uma em Campinas (SP). A empresa disse estar negociando abrir pontos de venda em São Paulo, Curitiba (PR), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS).

Além de Ana Paula, a Recoffee Design tem mais dois sócios (Rafael Guimarães, 29, e Sérgio Luiz Camargo, 49) e dois funcionários.

Empresa deve definir se será exclusiva ou popular

Maria Augusta Pimentel Miglino, 41, consultora de negócios do Sebrae-SP, disse que o ponto forte da Recoffee Design é o seu produto em si.

“É original, diferente, tem um design bonito e atrai um público interessado em preservação ambiental, sustentabilidade, destinação adequada de resíduos e economia circular. A empresa dá outro significado a um resíduo que seria descartado. No caso, a borra de café, que seria jogada no lixo, é transformada com o uso da tecnologia e reinserida em outro ciclo produtivo”, declarou.

Segundo ela, a empresa constrói assim uma marca associada à sofisticação, com produtos exclusivos. “Por isso mesmo, a empresa precisa fazer uma escolha consciente sobre qual será sua estratégia de negócios: se um produto mais sofisticado e exclusivo e, por isso, produzido em menor escala e vendido por um preço mais alto, ou se um produto mais barato, sem exclusividade e produzido em grande escala”, afirmou.

Maria Augusta disse que a empresa terá o desafio de conquistar novos consumidores. “É preciso apostar em um marketing mais direcionado, mostrando o valor agregado de seus produtos. Uma forma interessante é aproveitar seus próprios clientes como divulgadores das peças nas redes sociais junto a amigos, conhecidos e outros públicos que tenham os mesmos interesses na questão ambiental”, afirmou.

Onde encontrar:

Recoffee Design – https://www.recoffeedesign.com.br/

Fonte: Folha
Créditos: Folha