empreendedorismo

Sonha em ter uma pousada? Precisa ao menos de 20 quartos e custa R$ 2 mi

No entanto, o sonho de largar tudo, ir morar em um destino paradisíaco e investir em um estabelecimento similar custa caro: cerca de R$ 2 milhões, só para começar.

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Quase 30% dos 10.554 meios de hospedagem cadastrados no Ministério do Turismo se identificam como pousada. No entanto, o sonho de largar tudo, ir morar em um destino paradisíaco e investir em um estabelecimento similar custa caro: cerca de R$ 2 milhões, só para começar.

O empreendedor que tem potencial para se dar bem com pousadas é o que gosta de receber e cuidar de pessoas, segundo o especialista em gestão de pousadas Roberto Miranda, que já formou mais de 3.000 profissionais.

“É aquela pessoa que se prepara para receber visitas, arruma a cama, prepara café, faz tudo para o outro se sentir em casa”, afirmou.

Pousada pequena não dá dinheiro

Miranda disse que uma pousada com, no mínimo, 20 quartos, terá 600 metros quadrados e custará, só com a construção, R$ 1,5 milhão. Ainda serão necessários mais R$ 500 mil, no mínimo, para colocar o negócio em pé e mantê-lo nos primeiros meses, totalizando R$ 2 milhões.

“Um erro clássico é querer transformar sítio ou chácara pessoal em pousada comercial. É um sonho que não fecha a conta”, declarou.

Miranda afirmou que pousada pequena não se mantém. “O número mágico é ter um estabelecimento com mais de 20 unidades habitacionais. Precisa garantir receita relevante na alta temporada e cobrir o custo fixo nos meses de menor movimento.”

Como calcular o potencial

Para prever o lucro, é preciso fazer um cálculo que contemple os custos fixos, como mão de obra, comissões, impostos, entre outros, que variam de acordo com a região e perfil do negócio, e os variáveis, como manutenção da pousada. Para ser considerado saudável, o estabelecimento precisa ter 20% de lucratividade.

“É um negócio de altíssimo risco e exige uma imobilização financeira alta. Há muitos concorrentes, depende de sazonalidade e é um negócio com dificuldades de mão de obra, com alta rotatividade”, disse o gerente regional do Sebrae-SP Alexandre Robazza.

Se uma pousada tem 20 quartos, há uma disponibilidade de 600 diárias por mês. Se o valor de cada diária é de R$ 200, o potencial máximo de faturamento bruto é de R$ 120 mil.

Um estabelecimento desse porte demanda de cinco a seis funcionários e precisa ter 30% de ocupação para pagar as contas, com custos enxutos, sem lucro, segundo Robazza. De acordo com o especialista, a média de ocupação anual no Brasil é de 60%.

Localização ruim pode desvalorizar negócio

A escolha do local também ajuda a determinar o sucesso. O estabelecimento não pode ser o único atrativo na região. “Uma pessoa não viaja para se hospedar, ela se hospeda em virtude da sua viagem”, disse Miranda

A distância da pousada para o principal atrativo turístico da cidade, restaurantes, farmácias e acesso a transporte podem valorizar o negócio, bem como as vias de acesso e a infraestrutura.

Ele aponta também a proximidade de grandes centros como um fator que pode ajudar a impulsionar o faturamento. Jericoacoara (CE), por exemplo, mantém o movimento com turistas da capital, Fortaleza, na baixa temporada, por ser mais próximo e possível de se visitar em fins de semana e feriados.

“Viagens muito longas só são feitas em ocasiões especiais, como férias. Não pode ficar dependente apenas disso”, declarou.

Arrendamento é opção

Há outras alternativas, como a que o ator Pedro Fabrini, 40, encontrou. Ele arrendou a pousada Catamarã, em Arraial D’Ajuda (distrito de Porto Seguro, na Bahia), de um empresário holandês que queria sair do Brasil, por R$ 70 mil, durante três anos. “O dono queria que eu comprasse (a pousada), mas eu não tinha dinheiro”. Depois de um tempo, ele arrendou uma segunda pousada, que o ajudou a juntar o dinheiro necessário para comprar a Catamarã.

Amigos de Fabrini tentaram seguir seus passos, mas voltaram para casa. Segundo ele, a expectativa deles era abrir uma pousada e trabalhar menos, por viver em um destino turístico. “Minha pousada fica a 400 metros da praia, e eu passava quatro meses ou mais sem pisar na areia, por causa do trabalho”, declarou.

Baixa temporada exige preparação

João André da Silva, 50, vê a taxa de ocupação do Flat Tabatinga Caraguatatuba, em Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo, reduzir de 70%, na alta temporada, para 30% na baixa temporada. Para dar conta, ele disse que precisa enxugar custos variáveis nos meses de menor movimento, que vão de contas de consumo a quadro de funcionários.

O empreendedor sentiu um impacto negativo de 30% por causa das novas opções de hospedagem, como Airbnb. No entanto, segundo ele, ainda há público para os métodos tradicionais. “Ainda há muita gente que quer falar no local e reservar com um atendente”, afirmou.

Fonte: UOL
Créditos: UOL