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Ibovespa intensifica alta e sobe mais de 1% com exterior e de olho em Bolsonaro e Guedes em Davos

A sessão é de forte alta para o Ibovespa após uma queda expressiva na véspera em meio às notícias negativas sobre as negociações comerciais entre Estados Unidos e China e com o discurso inicial de Jair Bolsonaro em Davos não ajudando a empolgar os investidores por aqui.

A sessão é de forte alta para o Ibovespa após uma queda expressiva na véspera em meio às notícias negativas sobre as negociações comerciais entre Estados Unidos e China e com o discurso inicial de Jair Bolsonaro em Davos não ajudando a empolgar os investidores por aqui. Contudo, o cenário mais tranquilo no exterior e as novas falas do governo em Davos ajudaram a impulsionar os mercados, apesar do presidente Jair Bolsonaro cancelar entrevista coletiva que concederia durante o evento.

Às 12h45 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 1,48%, a 96.513 pontos. Na máxima do dia, o índice chegou aos 96.559 pontos, renovando a máxima histórica intradiária registrada na última sexta-feira, de 96.396 pontos. O dólar futuro com vencimento em fevereiro tinha queda de 0,56%, a R$ 3,798, enquanto o dólar comercial tinha leve baixa de 0,10%, a R$ 3,802.

Ontem, as bolsas americanas tiveram forte queda com a notícia do Financial Times de que os EUA rejeitaram uma oferta da China nas negociações comerciais e a realização de um novo encontro.

Contudo, hoje, os índices em Wall Street registram ganhos após o diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Larry Kudlow, negar as informações e dizer que não havia nenhuma outra reunião planejada além da visita do vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, na próxima semana. As bolsas também sobem na esteira dos resultados corporativos positivos como da P&G e da IBM.

Já as bolsas asiáticas fecharam perto da estabilidade, após a China prometer hoje ampliar gastos fiscais este ano, focando no corte de impostos para pequenas empresas, de forma a impulsionar sua economia, que no ano passado cresceu no ritmo mais fraco desde 1990. Em 2018, os gastos fiscais do governo chinês avançaram 8,7%, a 22,09 trilhões de yuans (US$ 3,26 trilhões), enquanto a receita cresceu 6,2%, a 18,34 trilhões de yuans, de acordo com dados do Ministério de Finanças chinês.

Em meio a essas notícias de estímulo, blue chips como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3;PETR4) registram uma sessão de recuperação. A estatal repercute ainda a alta do petróleo de cerca de 0,8%. A commodity se recupera após maior queda em mais de uma semana, com sinais de que crescimento da oferta de xisto dos EUA está desacelerando e expectativas de que cortes na produção da Opep estejam a caminho de equilibrar o mercado.

Já no noticiário doméstico, o mercado repercute o tom mais incisivo do presidente Jair Bolsonaro sobre a reforma da previdência em entrevista à Bloomberg, além da fala de Paulo Guedes sobre taxação de JCP e dividendos. A notícia poderia ter impacto negativo para os bancos; contudo, em meio ao ânimo generalizado do mercado, a sessão é de estabilidade para as ações do setor.

Em entrevista à Bloomberg, Bolsonaro prometeu reformar a Previdência, adotando a idade mínima, e afirmando que a mudança será substancial. Ele disse ainda que a situação dos estados aponta para a aprovação da reforma, que interessa aos governadores. Por outro lado, perguntado sobre a participação dos militares, o presidente afirmou o sistema de aposentadoria das Forças Armadas entraria apenas “numa segunda parte da reforma”.

Vale destacar ainda que Bolsonaro, que seguiria com a sua agenda em Davos, cancelou entrevista coletiva que faria com o ministro da Economia Paulo Guedes e o ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro às 13h (horário de Brasília).

Ainda sobre Davos, em almoço fechado promovido pelo Itaú, Paulo Guedes afirmou que o governo quer simplificar a tributação e diminuir a taxação para pessoa jurídica de 34% para 15%, enquanto pretende taxar os dividendos e juros sobre capital próprio.

Desde a campanha de Bolsonaro existe a temática da tributação de dividendos. A novidade diz respeito aos JCP – outro formato de distribuição de lucro a acionistas, no qual o Imposto de Renda, hoje, é retido diretamente na fonte.

Sobre o movimento de queda dos contratos de juros futuros, com baixa de 8 pontos para o contrato de janeiro de 2021, a 7,22% e baixa de 9 pontos-base para o vencimento em janeiro de 2023, a 8,34%. Os investidores repercutem o IPCA-15, que ficou em 0,30% em janeiro na comparação mensal, ante estimativa de alta de 0,35%.

Ontem à tarde, os contratos foram impactados pela entrevista do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, à Reuters, que destacou que o BC sempre olhará se os juros estão estimulativos. Isso fez os juros futuros reverterem alta por volta das 16h,  com o mercado interpretando a fala como dovish, uma vez que para a política monetária ficar mais estimulativa a Selic poderia ter de cair.

Mais tarde, o BC afirmou em nota de esclarecimento que “a mensagem de política monetária não se alterou desde a última reunião do Copom”. “A autoridade monetária continua priorizando a cautela, a perseverança e a serenidade”, destacou.

Fonte: Infomoney
Créditos: Lara Rizério