em casa e no trabalho

Empresa deixou ver os jogos da Copa? Veja dicas de como ser um funcionário torcedor

Antes de enfeitar mesas ou usar camiseta da Seleção, funcionário deve consultar empresa; gafes e excessos durante a partida no ambiente de trabalho pode comprometer a carreira.

A analista de SEO Mariana da Silva Cremonesi, de 26 anos, está contando os dias para a Copa do Mundo começar. Sua mesa de trabalho foi enfeitada com vuzuzela, corneta com buzina, bandeira, chapéu e camiseta da seleção brasileira quase um mês antes de a empresa espalhar as bandeirinhas verde, amarela e azul pelas instalações, na semana passada.

Mariana se diz apaixonada por futebol e vai assistir aos jogos com seus colegas de trabalho, apesar de a startup em que trabalha, a GetNinjas, ter dado a opção aos funcionários de ver as partidas em casa e depois compensar a jornada.

A plataforma que conecta clientes a profissionais de serviços vai passar os jogos em um telão no salão principal e oferecerá comidinhas e bebidas não alcoólicas para os funcionários.

“O pessoal é muito animado. Alguns colegas se exaltam mais e falam palavrão, mas a empresa é tranquila quanto a isso”, diz Mariana. A analista também não se importa com os comentários mais exaltados dos colegas, mas pretende torcer da mesma forma como faz em sua casa. “Eu converso com a TV, com os jogadores, dou palpite, mas não xingo juiz nem o time”, conta.

‘Funcionário está sendo observado o tempo todo’

Mas nem todas as empresas são flexíveis, ainda que se trate de Copa do Mundo. Profissionais de recursos humanos alertam que é preciso consultar as normas das empresas antes de decidir enfeitar mesas e ir trabalhar com a camiseta do Brasil. Além disso, o profissional deve prestar atenção ao seu comportamento durante as partidas para não comprometer seu emprego e sua carreira.

“Torcer no ambiente de trabalho é algo semelhante a ir a uma confraternização da empresa, ou seja, é preciso evitar o uso de vocabulário inadequado, brincadeiras excessivas, expressões pejorativas ou preconceituosas aos jogadores. O profissional estará sendo observado o tempo todo”, alerta o consultor de carreira Roberto Recinella.

“Sempre tem a percepção das pessoas. O que é normal para algumas pode ser ofensivo para outras. Por exemplo, mulheres podem se constranger com palavrões. Da mesma forma, em empresas mais tradicionais, pode não pegar bem falar palavrão”, diz Renato Grinberg, especialista em liderança e gestão de empresas.

Jogos deixam profissional motivado

Grinberg considera positivo para a empresa reunir todos para ver os jogos e defende que os gestores assistam às partidas junto com os funcionários para serem tanto os “apaziguadores” como para criar conexão com a equipe.

“Futebol é uma coisa que une as pessoas e quebra barreiras, assim o líder conhecerá melhor seus colaboradores”, diz.

Segundo Grinberg, a empresa que deixa o funcionário assistir aos jogos faz com que ele volte mais engajado e entusiasmado para o trabalho.

“Entender o caráter cultural da Copa do Mundo para os brasileiros é uma tarefa importante para as empresas, e aquelas que realizam algum tipo de ação aumentam muito a chance de ter profissionais mais motivados”, comenta Carolina Silva.

O Brasil está no grupo E com Costa Rica, Sérvia e Suíça. A estreia contra Suíça está marcada para 17 de junho (domingo) às 15h. O segundo jogo será no dia 22 (sexta-feira) contra a Sérvia, às 9h. E a terceira partida contra a Costa Rica será realizada no dia 27 (quarta-feira) às 15h.

Eduardo L’Hotellier, CEO da GetNinjas, concorda com Grinberg e Carolina. Para ele, reunir todo mundo para assistir ao jogo ajuda a aumentar o desempenho da equipe. “Se proibir vai arrumar uma forma de ver o jogo, não vai produzir nada de relevante nem trabalhar com qualidade. A empresa deve confiar em quem trabalha com ela e tratá-los como adultos”, diz.

L’Hotellier diz que todos sabem que a empresa está crescendo e que o trabalho deve ser feito. Por isso, deu a liberdade para quem quiser assistir aos jogos em casa de fazer seu próprio horário e compensar depois as horas não trabalhadas.

Gafes e excessos

Os especialistas de carreira salientam que os funcionários devem ter atenção redobrada para evitar gafes e excessos.

Grinberg diz que, mesmo que a empresa dê liberdade para os funcionários assistirem aos jogos e demonstrar suas emoções durante as partidas, pega muito mal entrar em atrito com os colegas. Nessa hora, segundo ele, caberá ao líder dispersar os envolvidos e depois chamá-los para conversar.

L’Hotellier considera supersaudável falar palavrão, pois ver a partida na empresa deve ser como se estivesse em casa com a família e amigos. “Xingar jogador ou juiz é parte da cultura brasileira, o que não pode é um funcionário desrespeitar o outro”, diz.

Roberto Recinella lembra que muitos profissionais trabalham em multinacionais e haverá pessoas torcendo pelo time de seu país natal, “o que reforça o ato de torcer com responsabilidade e respeito”.

“A seleção é composta por jogadores dos mais diversos times e estados e que estão sujeitos a errar e acertar, por isso, é preciso cuidado ao criticar jogadores e por tabela o seu time de origem para não criar uma desavença com os colegas”, afirma.

E complementa: “Não critique o colega que for com a camisa da Argentina ou de outra seleção, afinal, diversidade é a palavra do momento nas organizações”.

Carolina, da Luandre, não recomenda levar amigos ou familiares para assistir à partida na firma, pois se trata de um momento de exceção oferecido pela empresa.

“E não se deve insistir ou inventar uma desculpa para sair na hora do jogo. Ambos os comportamentos são inadmissíveis”, diz.

Caso seja liberado, mas tiver que voltar, ela recomenda que o funcionário retorne no horário combinado e, de volta ao trabalho, deve evitar comentários excessivos sobre os jogos para não atrapalhar a produtividade.

Fonte: G1
Créditos: G1