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VEJA VÍDEOS: Cratera engole caminhonete após temporal

Casal de idosos estava no veículo e foi salvo por populares. Secretaria de Infraestrutura culpa “rede de drenagem clandestina”

Durante chuva nesta terça-feira (23/10), uma caminhonete foi engolida por cratera que se abriu na Rua 3 de Vicente Pires. Desde a semana passada, com o fim da estiagem, relatos de inundação, alagamentos e quedas em buracos mostram a dimensão do caos enfrentado pelos moradores da região.

Um casal de idosos estava no veículo. Os vídeos (veja abaixo) chocam e mostram o risco que as vítimas correram. Cleiton dos Santos estava no local e auxiliou no resgate do motorista e da passageira. Segundo ele, foi preciso fazer uma “corrente” para tirá-los dentro da Nissan Frontier.

“Foi coisa de minutos. Poderia ter sido uma tragédia maior. Ouvimos o estrondo e fomos ver do que se tratava. Quando vimos, juntamos 10 pessoas, meu chefe segurou meu braço e fizemos a corrente”, contou ao Metrópoles.

O aposentado Oswaldo José, de 76 anos, dirigia a caminhonete. A mulher, Maria Marlúcia, 53, estava no banco do passageiro. Moradores da Rua 6, em Vicente Pires, os dois agradeceram a ajuda da população. “Havia um engarrafamento e, de repente, o carro foi sugado. Precisei ficar calmo”, disse.

Oswaldo diz conhecer os problemas da região administrativa, mas “não esperava que fosse virar a vítima da vez”. “A gente nunca imagina que isso possa nos acontecer. Minha esposa me avisou que o chão estava, a caminhonete caindo e não soube o que fazer. Foi um susto muito grande”.

Segundo a esposa, Maria Marlúcia Pereira Silva, 53, o casal pouco se lembra dos “momentos de terror”: “Me recordo que a chuva estava grossa e não vimos sinal de buraco no chão. Lembro que duas pessoas me puxaram e me tiraram do carro”.

Uma escavadeira da empresa que faz obra no local içou o veículo do buraco. De acordo com o administrador regional de Vicente Pires, Charles Guerreiro, são realizadas obras de galeria na pista e em decorrência das chuvas a via não pode ser asfaltada, contribuindo para que o chão cedesse:

“A abertura pequena que já existia cedeu. Com o peso, o carro abriu uma vala e caiu”, explicou. De acordo com ele, a construtora responsável pela obra pagará pelos danos.

Em outras ruas, a situação também é dramática. O militar José Geraldo Pereira, 43, mora desde 2008 na Rua 10. Ele conta que costuma transitar pelo local, a pé, de bicicleta ou de carro. Mas, com a chegada das chuvas, isto tem se tornado uma tarefa cada vez mais difícil. Segundo ele, as obras de águas pluviais realizadas em Vicente Pires são constantemente interrompidas.

“A Rua 10 está abandonada. Quando começa o período de chuva, param as obras. Entendo que o processo é complexo, mas não deveria ser suspenso assim”, queixou-se José Geraldo. “Quando vier um temporal, não sei o que será daqui. E, atualmente, se alguém se arrisca a atravessar a água, essa pessoa pode até morrer”, ressaltou. O morador ainda relata que as vias estão repletas de buracos. “Está intransitável”, define.

Rede “clandestina”
Em nota divulgada à noite, a Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sinesp) atribuiu o incidente à “existência de uma rede de drenagem clandestina e não cadastrada, executada por empresas particulares no passado, que ocasionou a erosão do solo”.

Segundo a pasta, como medida paliativa, foram colocadas pedras no buraco e a área foi isolada. “No momento, o solo está estabilizado e a Sinesp aguarda um interstício no período chuvoso para interligar a rede não cadastrada à rede de drenagem do Setor Habitacional e solucionar definitivamente o problema”.

A Sinesp disse ainda que “o fato não está relacionado às obras de urbanização na cidade que visam, justamente, dotar a região administrativa, que nasceu como ocupação irregular, de infraestrutura adequada (rede de drenagem, pavimentação e calçamento)”.

O administrador regional de Vicente Pires, Charles Guerreiro, diz que o cronograma das obras está sendo cumprido, com previsão de término para 2019. No entanto, nem sempre é possível prosseguir com o trabalho durante o período de chuva, por questões de segurança. “Nestes casos, avançamos na medida do possível”.

“Quem veio para Vicente Pires sabia dos problemas daqui. Somos uma cidade que nasceu de trás para frente. As coisas que acontecem agora — barro, lama, água — aconteciam antes. A diferença é que agora, com as obras, temos a chance de mudar isto”.

A Sinesp informou que as empresas contratadas estão à disposição para intervir emergencialmente, caso necessário, em Vicente Pires. “Essas intervenções têm o intuito de garantir a circulação de pessoas e reduzir transtornos causados por obras e chuvas”, disse, por meio de nota.

A pasta esclareceu também que as obras de infraestrutura são fundamentais para solucionar os problemas de enxurradas e buracos na região. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de que ocorram mais pancadas de chuva até o final de semana.





Fonte: Metrópoles
Créditos: Metrópoles