Rentabilidade

Valor das estatais brasileiras sobe mais de R$ 30 bilhões apenas nesta quarta-feira

Depois de terem ganhado mais de 40% de valor de mercado em 2018, as estatais do Ibovespa experimentam mais um salto no primeiro pregão de 2019.

Depois de terem ganhado mais de 40% de valor de mercado em 2018, as estatais do Ibovespa experimentam mais um salto no primeiro pregão de 2019. Operadores e analistas veem uma movimentação de investidores estrangeiros nesses papéis, em um ambiente externo e, principalmente, local propenso à tomada do risco.

Em conjunto, Eletrobras, Sabesp, Banco do Brasil, Cemig, Petrobras e Copel já valem R$ 567,3 bilhões na bolsa, contra R$ 533,7 bilhões no fechamento de 2018 — um crescimento de 6,3%, ou R$ 34 bilhões.

A posição considera preços das 15h51. O Ibovespa tem forte alta de 3,66%, aos 91.101 pontos, depois de renovar o recorde intradia em 91.479 pontos. O giro financeiro das ações do índice já supera os R$ 10 bilhões. A Eletrobras lidera as altas do índice (19,23% a ON e 13,06% a PNB), seguida pela Sabesp (8,48%). Na mesma direção, sobem Banco do Brasil (4,90%) e a Petrobras (5,63% a ON e 5,78% a PN).

Analistas ressaltam que, depois de uma forte saída dos estrangeiros ao longo de 2018 — o fluxo está negativo em R$ 11,6 bilhões no ano passado até o dia 27 de dezembro –, o interesse dessa classe de investidores volta a crescer, com o otimismo que ronda o país. Há receios na frente internacional, com o risco de alta de juros nos EUA e desaceleração mundial, mas hoje isso ficou em segundo lugar.

As estatais são os destaques do índice, mas as altas se espalhem por vários setores e poucos papéis têm queda hoje. Tudo isso se dá, do lado doméstico, em sequência de eventos positivos, entre eles a notícia de que dirigentes do PSL — partido do presidente, Jair Bolsonaro — decidiram apoiar a continuidade de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara.

O evento é importante porque renova expectativas quanto ao andamento da agenda de reformas fiscais, sobretudo a da Previdência, já que Maia é sabidamente a favor do tema. Isso também dá fôlego a apostas mais agressivas em bolsa porque sinaliza urgência na pauta logo no começo do novo governo.

Mas outras histórias aparentemente isoladas também indicam que o novo governo seguirá com a agenda prometida no ano passado. A privatização da Eletrobras continua em voga, conforme declarações do ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, e na figura de Wilson Ferreira Júnior, que permanece no comando da estatal.

Somado a isso, o exterior é hoje um fator a menos para atrapalhar o avanço da bolsa. O petróleo sobe no mercado internacional, enquanto as bolsas americanas também avançam. Lá fora, o ambiente hoje de relativa trégua faz com que a “tese Brasil” volte a ganhar brilho nas carteiras.

“Vejo euforia no movimento, mas muito do que acontece hoje se reflete no mercado para o ano inteiro, porque estamos diante de um ciclo de expansão e de agenda liberal”, afirma Raphael Figueredo, sócio e analista da Eleven Financial Research. “Podemos dizer que é uma ‘prévia’ do que poderá ser o ano, se as agendas andarem.”

Fonte: Valor Econômico
Créditos: Juliana Machado