"conquistas"

Temer completa dois anos de governo com rejeição mas avalia ter cumprido metas

 

Ao completar, neste sábado (12), dois anos de governo, o presidente Michel Temer (MDB) valeu-se de sua conta no Twitter para celebrar o que chamou de conquistas implementadas na sua gestão, dizendo que foi investido com a responsabilidade de vencer a recessão que acometeu o país e implementar mudanças reivindicadas pela sociedade e que, dentro das limitações da conjuntura, isto foi feito, citando, inclusive, reforma introduzida no Ensino Médio. Temer deixou claro que havia uma cobrança latente nesse sentido e que procurou trabalhar, arduamente, junto com sua equipe, para corresponder às expectativas. Advogado, professor universitário, procurador estadual aposentado, casado em terceiras núpcias com Marcela Temer, Michel Miguel Elias Temer nasceu na cidade de Tietê, em São Paulo, em 23 de setembro de 1940.

Filiado ao ex-PMDB, hoje MDB, ele foi procurador-geral do Estado de São Paulo e em 1983 exerceu a secretaria de Segurança Pública no governo de Franco Montoro e no governo de Luiz Antonio Fleury. Suplente de deputado federal, participou da Assembleia Nacional Constituinte. Em 1995 foi escolhido líder do PMDB na Câmara. Foi eleito presidente da Câmara Federal por duas vezes, entre 1997 e 2001 e entre 2009 e 2010. Foi vice-presidente da República durante os dois governos de Dilma Rousseff. Assumiu o governo interinamente até o impedimento de Dilma Roussef e, de maneira efetiva, a partir de 31 de agosto. Já investido no cargo, Michel Temer foi acusado pela ex-presidente de ter conspirado, nos bastidores, para a decretação do seu impeachment, a pretexto de cometer “pedaladas fiscais” que foram detectadas pelo Tribunal de Contas da União e que acarretaram prejuízos ao erário. Enquanto Dilma foi a titular, Temer despachava no Palácio do Jaburu e operava de forma discreta, mas uma vez investido, ainda que interinamente, passou a atuar de forma mais ostensiva, articulando com a classe política um governo de salvação nacional na hipótese de concretização do afastamento de Dilma Rousseff.

Enfrentando acusações de envolvimento com atos de corrupção apurados pela operação Lava-Jato, Michel Temer já enfrentou duas tentativas de abertura de processo contra ele, derrotadas na Câmara Federal graças ao seu poder de articulação com partidos e parlamentares da base. Ainda agora, o jornal Folha de S. Paulo revelou que em depoimento um policial militar que trabalhava numa transportadora de valores informou ter feito duas entregas de dinheiro vivo no escritório de José Yunes, amigo íntimo e ex-assessor de Temer, entre 2013 e 2015. Somadas, as entregas teriam chegado a 1 milhão de reais. O presidente da República já se manifestou em algumas ocasiões sobre as denúncias, considerando-as caluniosas e garantindo serem inverídicas. O presidente da República conta com apenas 5% de aprovação e, a cinco meses da eleição, está praticamente fora da corrida pelo Palácio do Planalto. Tentou viabilizar a candidatura do ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, mas o balão de ensaio não prosperou do ponto de vista de tornar competitiva a postulação. Temer assumiu o posto com a missão de equilibrar as contas públicas e atrair mais investimentos estrangeiros. Como primeira medida, reduziu de 32 para 23 o número de ministérios e cortou mais de quatro mil cargos em comissões e funções, angariando uma economia estimada de R$ 230 milhões ao ano.

Em termos de Congresso, o governo Temer tem mantido maioria para aprovação de matérias polêmicas, entre as quais a reforma fiscal. Mas o enfraquecimento da gestão impossibilitou o presidente de materializar um grande sonho – a aprovação da reforma da Previdência, que dividiu a sociedade e gerou protestos em diversos segmentos. O presidente aproveitou-se da maioria parlamentar, fortalecida com concessões e barganhas, para tentar manter uma política econômica mais restritiva, baseada na desoneração fiscal e no financiamento empresarial, limitando as conquistas sociais e trabalhistas. A impopularidade do governo foi demonstrada ainda na semana passada quando Temer foi a São Paulo solidarizar-se com familiares das vítimas do desabamento de um prédio e acabou tendo que enfrentar hostilidades que o levaram a demorar-se pouco no local. O governo já se deparou com manifestações em que o refrão recorrente é “Fora Temer”, partidas de centrais sindicais representativas de trabalhadores e de outras entidades da sociedade civil, que acusam Temer de ter retirado conquistas avançadas obtidas nos últimos anos. A participação de Temer em palanques eleitorais este ano torna-se complicada devido aos percentuais elevados de rejeição que o governo experimenta, o que poderia comprometer o êxito de candidatos a governadores e a mandatos legislativos.

Ao assumir o cargo, o presidente Temer falou da sua convicção absoluta de que é preciso resgatar a credibilidade do Brasil no concerto interno e no concerto internacional, “fator necessário para que empresários dos setores industriais, de serviços, do agronegócio e os trabalhadores, enfim, de todas as áreas produtivas se entusiasmem e retomem, em segurança, seus investimentos”. Deu ênfase, igualmente, à necessidade de celebração de parcerias com a iniciativa privada, dentro do raciocínio defendido por Temer de que “o Estado não pode fazer tudo”. Um esforço paralelo de Temer é focado na estratégia de desconstrução da bandeira encampada pelo PT e por adversários, com repercussão no exterior, de que houve um “golpe de Estado” no Brasil com a destituição de Dilma Rousseff, a primeira mulher a ascender à presidência da República no país. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso, depois de ter sido condenado a doze anos e um mês. Já a ex-presidente Dilma Rousseff tenta voltar ao cenário político, saindo candidata a um cargo parlamentar pelo Estado de Minas Gerais. O PT, por sua vez, tem sido submetido a uma sangria constante nos seus quadros, diante do desgaste causado pelo envolvimento de figuras de proa em escândalos de repercussão.

 

 

Fonte: Os guedes
Créditos: Os Guedes