Camila Silva

Repórter demitida da Globo revela ter sofrido preconceito dentro emissora

A jornalista Camila Silva foi demitida da Rede Globo no início de novembro e substituída por Mari Palma, no departamento de jornalismo esportivo da emissora.

Em conversa com o UOL, Camila revelou detalhes sobre o seu desligamento e contou casos de preconceito que sofreu dentro da empresa.

“Fui dispensada na quarta-feira, dia 7, com a explicação de que me esforcei mas que o esporte não está na minha veia e que toda vez que falo disso parece que tenho um ‘gap’. Essas foram as palavras. Cada um enxerga as coisas de um jeito. Pode parecer arrogância, mas prefiro os comentários de quem gosta do meu trabalho e que sempre diz que assistia ao programa por causa das minhas reportagens”, contou.

Camila trabalhou com matérias para o Globo Esporte SP, desde o fim de 2016, e cobria o dia a dia dos grandes clubes da capital. A jornalista foi “temporariamente transferida” para trabalhar durante a madrugada e fazia entradas no matinal Bom Dia São Paulo. O foco eram sempre conteúdos sobre esportes.

“Quando fui trabalhar na madrugada, um cinegrafista muito amigo meu perguntou: ‘Vão te colocar na madrugada? Essa gente está maluca? De noite, como vão fazer para trabalhar a luz com você?’. A preocupação dele era que eu era negra e que eu não ia aparecer. Obviamente deu tudo certo, mas quando ele falou pensei: ‘O que as pessoas acham que eu sou? Eu sou só negra’, mas estamos interiorizados com a história de as pessoas que trabalham no vídeo serem brancas.”

E revelou ainda: “No Rio, um cinegrafista falou para mim: ‘Você é muito bonita, eu já te vi no vídeo, você trabalha muito bem, tem feito coisas muito boas. Você só deveria fazer uma chapinha nesse cabelo, né?’. A gente fica até sem palavras. As pessoas são ruins? Não acho isso. Mas elas têm isso interiorizado e nem se dão conta.”

“Eu era a única mulher durante uma coletiva de imprensa do Corinthians. Dois homens começaram a brigar e um falou: ‘O que foi? Está naqueles dias? Está de ‘chico’ [apelido para menstruação]? Está assim, parecendo mulherzinha?’. Eu falei: ‘Vocês estão com algum problema psicológico? Porque esse comentário não faz o menor sentido’. As pessoas nem fazem ideia do quão preconceituosas elas podem ser com mulheres”, contou a jornalista.

Fonte: Noticias ao minuto
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