Repercussão

No JN, Bolsonaro diz que policial que mata bandido tem que ser "condecorado", não condenado

O candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) foi o sabatinado do Jornal Nacional nesta terça-feira (28). Durante 27 minutos — o tempo inicialmente previsto era de 25 minutos, mas foi aumentado em razão da entrevista com o candidato Ciro Gomes (PDT) —, o presidenciável respondeu questões sobre economia, segurança pública, desigualdade de gênero e homofobia.

A falar sobre segurança, Bolsonaro sugeriu que as polícias possam agir com vigor em suas ações:

— Não se pode tratar essa gente como um ser humano normal, que tem que ser respeitado, uma vítima da sociedade. Nós temos que fazer o quê? Em local que possa deixar livre da linha de tiro as pessoas de bem da comunidade, ir com tudo para cima deles, e dar para o policial, dar para o agente da segurança pública, o excludente de licitude. Ele entra, resolve o problema, se matar 10, 15 ou 20 com 10, 15, 30 tiros cada um tem que ser condecorado, e não processado — afirmou o candidato sobre a postura da polícia diante de criminosos.
Bolsonaro foi questionado pelos apresentadores sobre declarações de seu candidato a vice, o general Hamilton Mourão (PRTB). O oficial da reserva afirmou, em setembro do ano passado, em São Paulo, que, se os poderes não resolverem a situação do país, os militares teriam de impor uma solução.

— As palavras dele estão em consonância com o que grande parte da sociedade fala, e ele teve a coragem de externar isso. No meu entender, foi um alerta que ele deu. — argumentou Bolsonaro.

Desigualdades
Quando o assunto foi desigualdade de gênero e que ele faria, caso eleito, para minimizar a diferença salarial entre homens e mulheres, Bolsonaro disse que isso não cabe ao presidente da República. Ele citou entrevista a Zero Hora, em 2014, na qual tratou do tema.

— Isso (igualdade de salários entre homens e mulheres) está na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). É só as mulheres denunciarem que o Ministério Público do Trabalho (MPT) vai lá e resolve o assunto.
Bolsonaro foi indagado, ainda, sobre a fidelidade anunciada ao economista Paulo Guedes, a quem já garantiu a cadeira de ministro da Fazenda. De acordo com o apresentador William Bonner, não há democracia no mundo na qual um mandatário tenha delegado tanto poder a um subordinado, ainda mais antes de eleito.

— É que nem casamento: até o momento da separação, não se pensa em outra mulher. Duvido, pelo que conheço de Paulo Guedes, e passei a conhecê-lo bem mais de pois que comecei a conversar com ele,  que esse divórcio venha a acontecer – afirmou o presidenciável.
Bolsonaro ainda respondeu questões sobre geração de empregos. De acordo com ele, atualmente, o salário “é muito para quem paga e pouco para quem recebe”. Para resolver isso, sugeriu, é preciso rever alguns pontos da legislação trabalhista:

— É necessário desonerar a folha de pagamento. Temos de evitar que, para abrir uma empresa, seja preciso 100 dias.

Seminário LGBT

Quando questionado sobre homofobia, o candidato fez referência a um livro que, segundo ele, seria distribuído em escolas públicas. Os jornalistas reafirmaram que candidatos não poderiam apresentar livros ou documentos na bancada.

— Nenhum pai quer chegar em casa e encontrar filho brincando com boneca por influência da escola — afirmou.
Bolsonaro também citou um “Seminário LGBT infantil”, que, segundo ele, teria ocorrido na Câmara dos Deputados em 2012. Entretanto, o evento era o 9º Seminário LGBT no Congresso Nacional, que abordava o tema “Infância e Sexualidade”.

Bolsonaro foi o segundo dos quatro candidatos ao Planalto que serão sabatinados no Jornal Nacional. Os próximos serão  Geraldo Alckmin (PSDB), na quarta (29), e Marina Silva (Rede), na quinta (30). As datas foram sorteadas. O JN informou que escolheu os postulantes conforme as pesquisas eleitorais. Lula, candidato do PT, não foi convidado, pois a entrevista tem de ser presencial, e decisões judiciais recentes impedem o ex-presidente de sair da prisão. Lula cumpre pena de 12 anos e um mês em Curitiba, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Fonte: Zero Hora
Créditos: Zero Hora