Interdição

MP processou Flamengo e pediu interdição de alojamento da base no Ninho do Urubu

Palco de incêndio que resultou em dez mortos nesta sexta-feira, o CT Ninho do Urubu, do Flamengo, foi alvo de ação recente do Ministério Público do Rio de Janeiro pelas más condições oferecidas aos atletas de base que aplicava. O processo, iniciado em 2015, chega a pedir a interdição das instalações dos alojamentos e foi remetido ao MP-RJ também nesta sexta, após a tragédia.

Palco de incêndio que resultou em dez mortos nesta sexta-feira, o CT Ninho do Urubu, do Flamengo, foi alvo de ação recente do Ministério Público do Rio de Janeiro pelas más condições oferecidas aos atletas de base que aplicava. O processo, iniciado em 2015, chega a pedir a interdição das instalações dos alojamentos e foi remetido ao MP-RJ também nesta sexta, após a tragédia.

A ação, que tinha audiência de julgamento marcada para maio deste ano, cita precariedade dos colchões, menores residindo no CT sem autorização dos pais. Trecho ao qual o UOL Esporte teve acesso também fala em dificuldades de pais no acesso e visitas aos seus filhos.

Dentre os pedidos, estão a suspensão das atividades das categorias de base do Flamengo, interdição dos alojamentos, entrega dos adolescentes aos responsáveis e a adoção de uma série de medidas, passando por saúde e educação, para melhorar a condição de vida dos menores.

O MP-RJ compara o Ninho do Urubu a unidades do Departamento Geral de Ações Educativas (Degase), centros de internação para menores infratores, e entidades de acolhimento.”Impende registrar que as precárias condições oferecidas pelo réu aos seus atletas residentes é inferior até mesmo àquelas atualmente ofertadas aos adolescentes em conflito com a lei que cumprem medida socioeducativa de semiliberdade em unidades do Departamento Geral de Ações Socioeducativas, o que revela o absurdo da situação”.

“Não obstante os adolescentes residentes nos clubes e centros de formação de atletas não estejam sob medida de acolhimento institucional, certo é que estes se encontram em situação análoga a crianças e adolescentes acolhidos no que diz respeito ao seu afastamento de seus familiares, devendo-lhes ser garantido, no mínimo, as mesmas condições de habitabilidade e de recursos materiais e humanos exigidos de uma entidade de acolhimento institucional”. diz a petição.

“Quanto a este ponto específico, pode-se afirmar que os adolescentes atletas residentes no Clube de Regatas Flamengo encontram-se em condições muito inferiores àquelas oferecidas pela esmagadora maioria das entidades de acolhimento do Estado do Rio de Janeiro, o que é ainda mais absurdo considerando a elevada arrecadação anual do clube, típica de uma agremiação de elite do futebol brasileiro, e o gasto milionário com a equipe de futebol profissional, sendo que pate de tais recursos originam-se exatamente da comercialização dos direitos federativos de atletas formados em suas categorias de base”.

Outro alvo de críticas é a falta de educadores, além de problemas com a estrutura física. “”O clube não dispõe de educadores ou monitores, valendo-se de vigias noturnos para a referida função das 19h às 7h. O CT não possui psicólogo específico para adolescentes residentes. Há vários adolescentes que estão sem autorização dos pais para permanecerem no CT e outros que estão sem comprovante de matrícula. A estrutura física é precária mormente em razão a pouca disponibilidade de banheiros, os armários são pequenos, sendo certo que os pertences dos atletas permanecem guardados em bolsas e mochilas”.

Ao longo da ação, foram determinadas diversas vistorias no local, e houve concessão de prazo para que o Flamengo sanasse as irregularidades. O processo tramita na 1ª Vara da Infância da Juventude e do Idoso do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro

CT foi notificado para interdição em 2012
Problemas e dúvidas sobre as licenças necessárias não chegam a ser uma novidade na realidade do Centro de Treinamento George Helal, o Ninho do Urubu. O CT do Flamengo viu a Prefeitura do Rio de Janeiro decretar administrativamente a sua interdição por falta de alvará de funcionamento há sete anos.

Em uma publicação no Diário Oficial do Município em janeiro de 2012, o auto de infração de número 569057 informava que o clube teria que arcar com uma multa de R$ 399,39. A Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop) determinava ainda que o Rubro-negro sofreria o ônus de R$ 570,56 diários caso decidisse abrir as portas.

“Temos alvarás de licenciamento de obras. Para poder fazer as obras no Ninho do Urubu, tivemos o cuidado de buscar 23 licenças. Ficamos concentrados nisso e pode ter havido uma falta de informação. (…) Acredito que precisamos de um alvará de funcionamento provisório, já que as instalações do CT, hoje, são provisórias”, disse, à época, o então vice-presidente de administração do clube, Cacau Cotta.

Horas depois, o Flamengo informava ter resolvido o problema e realizou normalmente um treino do elenco de Ronaldinho Gaúcho, Léo Moura e companhia.

Também em janeiro de 2012, a Seop informou que o mesmo CT que foi palco de tragédia nesta segunda-feira (8) fora notificado seis vezes desde 2004 por falta de alvarás. A Secretaria e o clube não especificavam quais eram os problemas.

Fonte: UOL
Créditos: UOL