uso da força

Governo cogita pedir prisão de líderes da greve dos caminhoneiros

A Polícia Federal vai investigar a possibilidade de locaute na greve dos caminhoneiros, que entrou nesta sexta-feira (25) em seu quinto dia, apesar do acordo firmado na noite de quinta-feira (24). Mesmo com a câmara de compensação proposta pelo governo — que manterá, por meio de subvenções bancadas pelo Tesouro, o preço do diesel estável para os distribuidores —, o que se constata nesta sexta é a ampliação dos pontos de retenção das estradas e não a redução do movimento, como esperava o governo.

Locaute é caracterizado quando empresários de um setor contribuem, incentivam ou orientam a paralisação de seus empregados. Ou seja, é uma greve liderada pelos empresários, com o intento de obtenção de benefícios para o setor, o que é proibido por lei.

A avaliação do próprio governo é de que o Planalto subestimou a proporção que a mobilização poderia tomar, um erro do sistema de inteligência, que é comandado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Interlocutores diretos do presidente comentaram que, como esta não era a primeira greve de caminhoneiros nos últimos tempos — e, em todas elas, o movimento arrefecia ao final de alguns dias —, a avaliação era de que não haveria dificuldade em chegar a um acordo rapidamente.
A possibilidade de locaute começou a ser pensada na terça-feira, quando a paralisação ganhou dimensão nacional.

O quadro foi agravado, e muito, a partir da quarta-feira. Embora o governo reconheça que há, sim, uma mobilização fortíssima dos caminhoneiros autônomos, que representam mais da metade dos trabalhadores da área, acredita também que a paralisação só chegou ao ponto em que está por ter apoio do empresariado.

O governo reconhece que a gravidade da situação subiu alguns andares neste momento e a tensão aumenta no Planalto. No domingo passado, quando foram realizadas as primeiras reuniões com o presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu, nem ele nem seus ministros imaginavam que a situação pudesse chegar onde chegou, com tendência de agravamento ainda maior, sem precedentes no País.

Por enquanto, todos no governo estão cautelosos e falam apenas em “indícios”, “possibilidades” e não querem fazer acusações diretas. Sabem que também é grande a mobilização dos caminhoneiros autônomos. E já há outros segmentos aderindo aos protestos, por conta do preço da gasolina.

Mas o governo está convencido de que o dedo dos patrões levou o movimento a este ponto e isso mudou o perfil da greve, que começa a dar sinais de que pode ficar fora de controle. É crescente o problema de desabastecimento no País. Como resposta, o governo deve anunciar a autorização para o uso das Forças Armadas no desbloqueio das rodovias.

O fato de os pontos de paralisação terem aumentado após o anúncio do acordo na noite de quarta, sinaliza, segundo fontes do Planalto, que o movimento acredita continuar contando com apoio da população e que conta com a adesão de outras categorias nos protestos, como taxistas, motoristas de aplicativo e motoboys.

Por isso também aumenta a preocupação no interior do governo. O temor é que, se houver essa adesão explícita de outro segmento da população, já que uma insatisfação enorme com o reajuste diários dos demais combustíveis também, o problema saia do controle.

Fonte: cazht
Créditos: cazht