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General Mourão defende diálogo com Nicolás Maduro, 'Alguém tem que conversar'

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, defendeu nesta sexta-feira, 1, que é preciso abrir uma via de diálogo com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para que a transição política no país seja possível.

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, defendeu nesta sexta-feira, 1, que é preciso abrir uma via de diálogo com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para que a transição política no país seja possível. A declaração surgiu quando questionado sobre uma fala do presidente Jair Bolsonaro que, na quinta-feira 28, teria cogitado a hipótese de se encontrar com Maduro em “território neutro” para tratar de sua saída do poder.

“Alguém tem que conversar né? Trump não foi conversar com Kim Jon-un?”, disse o general, comparando com as atuais negociações entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte.

Mourão acrescentou que não houve nenhum contato prévio com o governo venezuelano e ressaltou que, ao tratar do tema, Bolsonaro estava respondendo a uma pergunta e tinha sido apenas hipotético. O vice-presidente tem defendido a necessidade de se abrir uma via de escape para Maduro e seus aliados, de maneira a permitir que esse grupo deixe ileso a Venezuela, para que o início da transição democrática seja possível.

Mais cedo, ao sair de um encontro com o próprio Mourão, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmara que não havia negociações com Maduro e nenhuma perspectiva concreta de mudança no país ao vizinho. Ao contrário de Mourão, afirmou que o Brasil não admite negociações com o regime venezuelano.

“Qualquer diálogo tem de ser entre eles. Nós não queremos colocar no mesmo pé o regime que consideramos legítimo e o de Maduro”, disse Araújo. “Se outros países quiserem intermediar ou interferir nesse diálogo não nos parece que seja o caminho.”

O chanceler disse que avisita do líder da oposição venezuelana Juan Guaidó a Brasília foi um sucesso e serviu para o Brasil mostrar que considera o autoproclamado presidente interino uma alternativa séria de poder na Venezuela. Esse continua a ser o caminho do Brasil e do Grupo de Lima.

“Nosso próximo passo é o reforço do governo Guaidó, é com eles que nós falamos”, disse Araújo, acrescentando que “no momento não tem articulação” para intermediação.

Questionado sobre a possibilidade de envolver países como China e Rússia, que ainda apoiam Maduro, Araújo afirmou que já existe uma articulação no Grupo de Lima com “diferentes atores internacionais”, inclusive com os dois países. Lembrou ainda que o Brasil já se ofereceu para “esclarecer a situação da Venezuela” a Moscou e Pequim.

O chanceler brasileiro avaliou que será um “absurdo completo” se Guaidó for preso ao voltar a Caracas, na segunda-feira, 3, como ameaçou Maduro. Disse esperar que isso não aconteça. Uma reação, no entanto, dependeria de articulação com o Grupo de Lima.

Muito se discute se Guaidó conseguirá retornar ao seu país, já que Maduro ordenou o fechamento das fronteiras da Venezuela com a Colômbia e com o Brasil. Além disso, o chavista já afirmou que seu opositor responderá na Justiça assim que chegar em Caracas.

Guaidó é investigado pelo procurador-geral chavista Tarek William Saab por suas ações contra “a paz, a economia e o patrimônio” da Venezuela. Como parte do processo, ele foi submetido a medidas cautelares, entre elas a proibição de deixar o país. Em seu discurso ao lado de Jair Bolsonaro nesta quinta em Brasília, contudo, o venezuelano garantiu que pretende voltar a Caracas até segunda-feira, 4, apesar das ameaças de Maduro.

Fonte: Veja
Créditos: Veja