Corrupção

Funcionário da OAS diz que gerente o convocou para reforma no 'sítio do presidente'

O encarregado de obras da OAS Empreendimentos Misael de Jesus Oliveira disse à Justiça que foi convocado pelo seu gerente para fazer reformas no "sítio do presidente", referindo-se ao ex-presidente , em 2014.

O encarregado de obras da OAS Empreendimentos Misael de Jesus Oliveira disse à Justiça que foi convocado pelo seu gerente para fazer reformas no “sítio do presidente”, referindo-se ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2014.

“Meu gerente, Luiz Alberto, me chamou numa reunião, junto com mais três pessoas que trabalhavam comigo, e falou que a gente ia fazer uma reforma no sítio em Atibaia, uma reforma no sítio do presidente. Para gente se aprontar, que logo depois que terminasse o carnaval, nós iríamos para lá”, afirmou.
Misael prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro, nesta segunda-feira (18), na condição de testemunha de defesa de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, e de Paulo Gordilho, ex-executivo da OAS.

O processo investiga se o Lula recebeu propina da Odebrecht e da OAS por meio da aquisição e de reformas do sítio. O ex-presidente nega as acusações e diz não ser o proprietário do imóvel.

No depoimento, o encarregado de obras também afirmou que comprava itens para a reforma com dinheiro da OAS.

“Quando eu saía da OAS, o escritório levava um valor em dinheiro, que era passado pra mim e junto com esses valores em dinheiro, eu fazia as compras e levava as notas. Então, tudo que eu comprava lá em Atibaia, nos três depósitos ali da região, eu prestava contas, me reportava pra empresa”.

Misael disse que foi orientado a manter as obras em sigilo. “Quando a gente foi na empresa, fizeram reunião comigo, decidiram que ia trabalhar no sítio do presidente. ‘Vocês vão trabalhar no sítio do presidente, ninguém pode ficar sabendo disso. Nem aqui na empresa nem fora. Então a gente foi pra lá com essa ordem”.

Encontros com Marisa e Lula

O funcionário da OAS afirmou encontrou várias vezes a ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta em fevereiro de 2017, no sítio em Atibaia. Além disso, contou ter visto o ex-presidente Lula duas vezes no local.
“A ex-primeira-dama eu encontrava com ela no sítio toda quarta-feira. Na quarta e nos finais de semana. Todas as quartas, ela ia com segurança e nos finais de semana. E o presidente Lula, eu vi ele duas vezes lá. Poucas vezes, mas quando ele ia, o Maradona [o caseiro do sítio] passava recado pra gente que era pra gente não ir”, afirmou a testemunha.

Misael disse que Marisa Letícia fez pedidos referentes à reforma para ele, como mudanças na churrasqueira, a instalação de grades ao redor do lago e a construção de uma capela.
Segundo ele, todas essas obras foram executadas, com exceção da capela, cuja construção ficou inviável por falta de tempo. Misael afirmou que a ex-primeira dama não perguntou o preço dos serviços.

O G1 tenta contato com os citados na reportagem

Fonte: G1
Créditos: G1