"Não há provas"

Funai nega massacre de índios no Amazonas

A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou nesta segunda-feira que “não há nenhuma prova material” de que índios tenham sido massacrados por garimpeiros ilegais em um território da Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas. Por meio de nota, o órgão afirmou que, a seu pedido, o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federalinvestigam, desde agosto, supostos assassinatos de indígenas isolados na região do Rio Jandiatuba, próximo à fronteira entre Brasil e Peru e a cerca de 1.000 quilômetros de Manaus.

“A denúncia surgiu depois que alguns garimpeiros foram vistos no município de São Paulo de Olivença, no oeste do Amazonas, falando sobre o ataque. Servidores da Funai fizeram o primeiro levantamento e entenderam ser necessário apresentar a denúncia”, diz a instituição, segundo a qual o local do suposto massacre é de difícil acesso e fica a doze horas de barco da capital amazonense.

Ainda de acordo com a Funai, garimpeiros que teriam relatado as mortes foram presos e levados à cidade de Tabatinga (AM), onde foram interrogados. “Eles não confirmaram as mortes e, até o presente momento, nenhuma prova material foi encontrada que comprove o suposto massacre, não sendo possível, portanto, confirmar a veracidade das mortes”, conclui o órgão indigenista.

Durante o fim de semana, o MPF havia informado ao portal Amazônia Real que os índios haviam sido mortos. Nesta segunda-feira, procurada por VEJA, a assessoria de imprensa do órgão retificou a informação e disse que não há a confirmação.

Por meio de nota divulgada hoje, o MPF declara que investiga a denúncia da Funai e que o responsável pela apuração é o procurador da República Pablo Luz de Beltrand, da Procuradoria de Tabatinga. “Instauramos um procedimento para apurar o caso e há diligências em curso, mas não é possível dar detalhes para não prejudicar a investigação”, diz ele.

A Polícia Federal também afirma que, como a investigação está em sigilo, não pode fornecer informações.

Garimpo ilegal

No fim de agosto, MPF, Ibama e Exército deflagraram uma operação contra o garimpo ilegal na região do suposto massacre. A ação, que mirou a área do Rio Jandiatuba, em São Paulo de Olivença (AM), aconteceu entre os dias 28 de agosto e 1º de setembro e flagrou 16 dragas de garimpagem ilegal em funcionamento.

“A atividade garimpeira tem avançado sobre o rio, que corta três terras indígenas e é amplamente utilizado por índios isolados”, explica o MPF.

Cinco das dragas de garimpo foram abordadas e, segundo os investigadores, “nenhuma possuía documentação que justificasse a atividade garimpeira nas margens, igarapés ou calha do Rio Jandiatuba”. A pedido do MPF, quatro delas foram destruídas e uma apreendida. Ainda de acordo com os procuradores, cada aparato custa cerca de 1 milhão de reais.
Créditos: Veja