opinião

ENCONTRO DE GOVERNADORES DO NE SUGERE INDEPENDÊNCIA - Por Francisco Airton

Enquanto o Brasil faz o caminho inverso e troca ouro por espelhinhos, pentes e miçangas coloridas!

Não que eu esteja torcendo para “uma separação de fato”, porque isso não ajudaria em nada num possível crescimento do país! É verdade que a coisa anda um tanto quanto estagnada, mas podem existir outras formas, senão esta, de fazer o Brasil melhorar seus índices, sua imagem e trazer de volta a nossa autoestima tão empurrada pra baixo nos últimos tempos!

Estou falando aqui do exemplo que deu o Nordeste ao reunir os seus nove governadores para discutir desenvolvimento! Estiveram presentes no encontro, os governadores do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB); do Piauí, Wellington Dias (PT); do Ceará, Camilo Santana (PT); do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT); de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB); da Paraíba, João Azevedo (PSB); o vice-governador de Alagoas, Luciano Barbosa (MDB); de Sergipe, Belivaldo Chagas (PDT) e da Bahia, Rui Costa (PT).

O protocolo cria o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste, assinado em São Luís e prevê parceria em projetos econômicos, políticos, de infraestrutura e social. O encontro aconteceu na semana passada, na quinta-feira, 14, por tanto antes do encontro entreguista de Bolsonaro e Trump, quando o nosso cambaleante e apaixonado presidente entregou praticamente de bandeja a soberania nacional ao seu colega americano. Um dia triste, para ser esquecido!

Bolsonaro deu de presente aos EUA, a Base de Alcântara, no Maranhão – o mesmo estado em que se reuniram os governadores – isentou cidadãos dos EUA, Japão, Austrália e Canadá da necessidade de vistos para viajar ao Brasil como turistas sem que apresentem contrapartidas semelhantes aos brasileiros, dentre outros mimos e de sua parte, Trump prometeu apoio para o ingresso do Brasil na OCDE (organização que reúne países desenvolvidos) e para garantir ao país o status de aliado extra-Otan (condição que ampliaria as possibilidades de cooperação entre as Forças Armadas brasileiras e americanas).

De brinde Bolsonaro presenteou o ídolo com uma camisa 10 de Pelé – personalizada – e em troca recebeu uma que mais pareceu arranjada de última hora! O resultado: deu muito e voltou com uma sacola mirrada! Parece até que, em pleno século XXI, o Brasil faz uma rota contrária ao início, quando ainda no seu descobrimento e ao invés de ser invadido e escrachadamente enganado, atravessa o oceano para levar ouro e pedras preciosas para trocar tudo por espelhinhos, pentes e missangas coloridas!

Agora, de volta ao encontro de governadores, durante a assinatura do protocolo, o governador da Bahia, Rui Costa (PT) foi escolhido como primeiro presidente do Consórcio Nordeste, com mandato de um ano e a cada ano, será feito um rodízio no grupo. O Consórcio deverá atuar em dez pontos principais: Mais economia; Cooperação; Vender mais; Força política; Atrair investidores; Intercâmbio estudantil e profissional; Projetos conjuntos; Troca de tecnologia e conhecimento; Criação de fundos; Parques industriais e polos tecnológicos.

O acordo permitirá, por exemplo, o intercâmbio de estudantes, apoio na segurança pública dos estados, parceria em obras de infraestrutura e a realização de compras conjuntas, buscando a diminuir o preço de produtos e serviços. Foi uma clara demonstração de que se forem provocados de forma mais veemente, pode sim, como já dizia o poeta, “o Brasil ser dividido e o Nordeste ficar independente”!

Os representantes de cada estado também assinaram uma carta conjunta que fala sobre o consórcio, mas também cita o posicionamento da região com temas em debate no Congresso Nacional, como a Reforma da Previdência e mudanças no Estatuto do Desarmamento. O texto diz que as armas servem apenas para aumentar a violência e são citados como exemplos, os casos do assassinato da vereadora Marielle Franco em março do ano passado e do massacre em uma escola de Suzano (SP) ocorrido na quarta-feira (13). A assinatura do documento foi realizada durante o Fórum de Governadores do Nordeste.

É claro que essa não é uma visão centrada num melhor ângulo para a solução de nossas mazelas, mas a verdade é que vivemos num país territorialmente gigante, com povos de costumes diferentes, que pensam diferente e, que, por tais características acabam parecendo nações dentro de um rico continente! Apesar de tudo isso, pregar a união dos estados ainda é a melhor saída!

Não vamos aqui instigar ou sugerir nada. Mas o encontro de governadores do Nordeste – mesmo estando longe de ser uma provocação – acaba se transformando num alerta e, mais que isso, num recado cristalino de que tudo é possível!

Fonte: Francisco Airton
Créditos: Francisco Airton