julgamento no STF

Barroso vota para empresa poder terceirizar sua atividade principal

Supremo julga duas ações nas quais empresários pedem liberação. Atualmente, mais de 4 mil processos na Justiça Trabalhista aguardam o resultado do julgamento pelo tribunal

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira (22) a favor de liberar a terceirização de trabalho em atividades-fim.

Ao apresentar o voto, Barroso destacou, porém, que a empresa que terceiriza deverá ser responsabilizada em caso de não pagamento de direitos trabalhistas.

O ministro é relator de uma das duas ações em discussão no STF sobre a validade da súmula do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que permitiu somente a terceirização de atividades-meio.

As ações foram apresentadas por empresários e pedem que o STF derrube a proibição de terceirização nas atividades-fim. Atualmente, Mais de 4 mil processos na Justiça Trabalhista aguardam o resultado do julgamento.

Depois de Barroso, votou o ministro Luiz Fux (leia os detalhes mais abaixo). Em seguida, o julgamento foi suspenso e será retomado nesta quinta-feira (23) para os demais ministros votarem.

Voto do relator

Ao votar em favor de liberar para as atividades-fim, Barroso frisou que, com ou sem terceirização, direitos básicos do trabalhador sempre devem ser respeitados.

“Direitos básicos não podem ser afastados – piso salarial, segurança no trabalho, férias, fundo de garantia. Tudo isso são direitos fundamentais assegurados e não estão em discussão aqui. […] A questão é saber se é bom para negócio que atividades sejam prestadas pelo terceiro. Isso não é direito, isso é economia, não há como fugir desse modelo. O modelo de produção flexível é realidade em todo o mundo”, disse.

Barroso afirmou, ainda, que a terceirização “bem regulada e com responsabilidade subsidiária” é “muito melhor” para o mercado de trabalho, uma vez que, na opinião dele, os empresários podem precisar desse tipo de contratação de maneira emergencial, sem elevação brusca de custos.

Lei sancionada por Temer

O julgamento das duas ações no STF não tem relação com a nova lei sobre o tema, sancionada pelo presidente Michel Temer em março do ano passado e que autoriza a terceirização em atividades-fim.

No entanto, qualquer decisão a ser tomada pelo Supremo sobre a súmula do TST vai ser um indicativo de como a Corte vai decidir a respeito de ações específicas que questionam a lei sancionada pelo presidente.

Fux

O ministro Luiz Fux, relator de outra ação no STF que discute o mesmo tema, também votou a favor da liberação da terceirização em atividades-fim. Com isso, o Supremo soma dois votos para permitir a terceirização mesmo nas atividades principais das empresas.

Segundo o ministro, os direitos dos trabalhadores devem ser assegurados.

“As leis trabalhistas devem ser observadas. Não haverá a mínima violação aos direitos dos trabalhadores consagrados constitucionalmente”, afirmou.

Fux também frisou que o entendimento do TST, proibindo terceirizar atividade-fim, “inviabiliza a forma de organização empresarial, afetando a liberdade jurídica, liberdade de contratação, livre iniciativa e o princípio da legalidade”.

“[A terceirização] é uma estratégia garantida pela Constituição de configuração das empresas para fazer frente às exigências dos consumidores, minimizando o risco da atividade”, completou.

Fonte: G1
Créditos: G1