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Artistas pressionam Maia em defesa da Amazônia e agenda termina em bate-boca

Causou alvoroço a vinda de artistas à Câmara para entregar aos presidentes da Câmara e do Senado uma carta pedindo o fim da tramitação de projetos que ameaçam o meio ambiente

BRASÍLIA – Causou alvoroço a vinda de artistas à Câmara para entregar aos presidentes da Câmara e do Senado uma carta pedindo o fim da tramitação de projetos que ameaçam o meio ambiente. Liderados pela produtora Paula Lavigne, as atrizes Susana Vieira, Arlete Salles, Alessandra Negrini, Christiane Torloni e Maria Paula, os atores Luiz Fernando Guimarães e Victor Fasano e a cantora Maria Gadú entraram no gabinete do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e chegaram a bater boca com ele por conta do decreto presidencial extinguindo a Reserva Mineral de Cobre e seus Associados (Renca), no coração da Amazônia.

Enquanto dizia que a Câmara não tem uma agenda antipreservação, Maia foi interrompido por Susana Vieira e um debate acalorado começou. Maia tentava argumentar que todos têm o direito de ter sua opinião. Mas foi novamente interrompido, dessa vez por Maria Gadú.

— Mas não dá para divergir sobre a Amazônia, desculpa — contestou a cantora.

Mais uma vez o presidente da Câmara tentou defender a tese de que as divergências têm que ser respeitadas. Mas Maria Paula e o rapper Rappin Hood se juntaram à Gadú para contestar Maia. O deputado acabou tomando partido dos artistas e admitindo que o governo errou, e que o certo seria cancelar o decreto. O decreto está suspenso por 120 dias. Maia foi além, e disse que muitos deputados da base ficaram desconfortáveis com a decisão do governo de apresentar o decreto “da noite para o dia”. O maior erro do governo, segundo ele, foi a falta de comunicação nesse caso, que gerou grande polêmica.

— O que a gente precisa é que aqueles deputados que são da base do governo também tem muitos que estão desconfortáveis com a decisão do governo. Pelo decreto, pelo impacto que o decreto faz, mas mais do que isso, pela falta de comunicação que nós tivemos com o Temer. Acho que a comunicação é que é o erro, porque de repente, da noite pro dia, aparece um decreto com esse impacto e nenhum de nós sabe direito o que isso significa, nem aqueles que são da base do presidente — afirmou Maia.

Antes do clima esquentar, houve um momento de descontração. Assim que entrou no gabinete, Paula Lavigne, que é amiga de Maia, brincou:

— Fala bochecha!

— Olha o respeito, respondeu ele.

— Que frescura pra entrar aqui, vou fazer assim na minha casa — encerrou a produtora.

O grupo tinha sido impedido por seguranças de entrar no gabinete na primeira tentativa. Segundo presentes, um segurança da Câmara havia impedido a entrada de um indígena que integrava a comitiva, e os artistas se solidarizaram e afirmaram que só entrariam todos juntos.

Os artistas leram uma carta listando uma série de projetos que representam uma ameaça ao meio ambiente. Ao lado de representantes dos indígenas e de ambientalistas, além de outros parlamentares, o grupo apresentou um pendrive com 1,5 milhão de assinaturas contra projetos como a redução de Unidades de Conservação; a redefinição de Terras Indígenas; mudança no licenciamento ambiental, além de outros temas.

Fonte: Extra