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Após eleição, cresce a demanda por livros da direita conservadora

A demanda por livros de autores liberais-conservadores cresce no país, em especial, após a eleição de Jair Bolsonaro para o Palácio do Planalto.

Presidente Jair Bolsonaro, saúda o público depois de receber a faixa presidencial de Michel Temer, no Palácio do Planalto.

CLAUDIO BELLI/VALOR

Beltrão, fundador da editora LVM e do Instituto Mises Brasil, fala de 2019: “Acho que a demanda será por obras mais analíticas […], não só sobre marxismo cultural”
A demanda por livros de autores liberais-conservadores cresce no país, em especial, após a eleição de Jair Bolsonaro para o Palácio do Planalto.

Na editora Record, as vendas do livro “O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota”, de Olavo de Carvalho, quadruplicaram após a eleição, há dois meses. Durante a campanha eleitoral, as obras da editora LVM – Liberdade, Valores e Mercado citadas por Bolsonaro e pelo ministro da Economia Paulo Guedes também tiveram uma procura acima da média.

Neste ano, a expectativa das editoras é que a demanda continue, porém, mais voltadas a livros de análise, que ajudem a explicar o atual cenário político.

“Acredito muito que ocorrerá uma procura por livros que contem a história do conservadorismo brasileiro e resgate autores e políticos conservadores esquecidos. Não creio que a demanda aumentará doravante. Houve um crescimento em função das eleições”, diz Carlos Andreazza, editor executivo do segmento de não ficção da editora Record. Andreazza foi o primeiro editor a apostar em livros com viés de direita.

“Acho que haverá mais concorrência entre as editoras neste segmento de obras de autores liberais conservadores. Mas acredito que passamos a fase da curiosidade, que explica um pouco essa demanda por Olavo de Carvalho. Até então, havia poucas obras desse gênero em português. Agora, acho que a demanda será por obras mais analíticas e de temas variados, não só sobre marxismo cultural”, diz Helio Beltrão, fundador da editora LVM e do Instituto Mises Brasil (IMB). O Mises defende políticas liberais e teve entre seus alunos o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente.

A LVM foi criada em meados de 2017 a partir do catálogo de livros do Instituto Mises que, até então, distribuía suas obras gratuitamente, em seus eventos corporativos. “Enxergamos que havia um nicho de negócios com a crescente onda da direita e decidimos abrir uma editora especializada nesse tipo de obra”, disse Luiz Fernando Pedroso, sócio minoritário e presidente da LVM. “Uma das coisas que mais me chamam a atenção é a grande quantidade de jovens lendo nossas obras”, diz o executivo, que já esteve à frente das editoras Ediouro, Novo Conceito e Astral Cultural.

Em um ano e meio de operações, a LVM vendeu 250 mil exemplares e a obra mais procurada é “As seis lições”, do filósofo Ludwig von Mises [1881-1873], criador da Escola Austríaca, a mais liberal das linhas de pensamento liberais.

Neste ano, a editora pretende lançar de 36 a 48 títulos, entre eles, obras com textos introdutórios ou prefácio do atual ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. “De certo modo, o intelectual que mais influenciou o pensamento do professor Vélez foi o professor [Antonio] Paim. Ambos escreveram muitos livros em conjunto, a maioria deles já com previsão de lançamento pela LVM entre 2019 e 2020, sendo que tal decisão nossa foi tomada ainda em 2017, antes de haver qualquer possibilidade do professor Vélez ser cogitado para algum cargo no governo”, observa Alex Catharino, editor da LVM.

Apesar de livros com viés de direita estarem vendendo bem, há também obras de esquerda com forte demanda e presentes na lista dos mais vendidos no país. Um exemplo é o título “A classe média no espelho”, do sociólogo Jessé Souza, que está indo para sua terceira reimpressão, com um total de 35 mil exemplares vendidos. A editora Sextante deve lançar ainda outras três obras do sociólogo.

Fonte: Valor Economico
Créditos: Valor Economico