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Adolescente arremessada de brinquedo diz à polícia que gritou por socorro, mas operador não a ouviu

A adolescente Thatiely Carvalho Evangelista, de 16 anos, uma das quatro garotas arremessadas do brinquedo de um parque em Ceres, região central de Goiás, prestou depoimento à Polícia Civil, nesta quarta-feira (29), e afirmou que antes de sofrer o acidente gritou por socorro, mas o som estava alto e o operador não a ouviu.
Segundo o delegado Matheus Costa Melo, responsável pelas investigações, a menina e uma amiga foram as primeiras a chegar no brinquedo Surf. Ela disse ao investigador que o operador travou a barra de segurança, mas a destravou quando outras meninas chegaram para utilizar o brinquedo.
“As outras meninas chegaram. O operador destravou para as outras meninas sentarem, ele abaixou a barra, mas não travou. O som estava alto, ele entrou para a cabine e gritava o operador. O brinquedo começou a girar e ela percebeu que a barra estava solta. Ela começou a gritar, a princípio, as meninas não sabiam o que estava acontecendo. Ela fala que começou a girar em alta velocidade. Ela tentava travar a barra de segurança, mas não conseguia”.

“A partir do momento que girou mais rápido, ela fala que não se lembra de mais nada, só de ser socorrida”, contou o delegado.

O acidente que deixou as adolescentes feridas ocorreu na madrugada de domingo (26). Duas das garotas disseram que não sentiram a barra de proteção travar antes do brinquedo rodar.

RELEMBRE O CASO

Das quatro feridas, somente Thatiely recebeu alta, na manhã de segunda-feira (27). Ela teve várias escoriações. As outras três garotas, todas da mesma idade, seguiam internadas até a noite de terça-feira (28). Isabela do Amaral Vieira é quem tem a situação mais crítica entre as feridas. Ela está internada no Hospital de Urgências de Anápolis (Huana).
Segundo boletim divulgado na terça-feira, o quadro de Isabela é considerado grave “em ventilação mecânica, com alguns sinais de recuperação e melhora, do ponto de vista laboratorial”. Ela ainda teve de passar por uma cirurgia para remover um rim.
Já Thalia Aparecida Pires machucou o braço e o abdômen, além de passar por uma cirurgia na perna por conta de uma fratura exposta. Ela está internada no Hospital Ortopédico de Ceres. Na mesma unidade, está Mariane Oliveira Dias. Ela quebrou o punho e o tornozelo. Operada, ela também deve passar por nova cirurgia.
O G1 entrou em contato às 14h55 desta quarta-feira, por email e telefone, com a assessoria de imprensa do Hospital de Urgências de Anápolis (Huana) e com o Hospital Ortopédico de Ceres e aguarda o estado de saúde atualizado das adolescentes.
Thatiely prestou depoimento no fim da manhã desta quarta-feira. Conforme o investigador, ela relatou que chegou ao parque por volta de 20h30, junto com o namorado , a mãe e alguns amigos. Às 22h ela brincou no Surf e, conforme já havia relatado em entrevista à TV Anhanguera, voltou para o brinquedo, a 1h.

“Para mim ele era calmo, tranquilo, muita gente falava que ele era sem emoção”, afirma.

Peritos e policiais analisam brinquedo que deixou adolescentes feridas em Ceres, Goiás (Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros)

Investigação

O delegado Matheus Costa Melo informou que, para que a investigação seja concluída, é necessário ainda ouvir novas testemunhas e analisar a documentação, requerida por ele ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), à Prefeitura de Ceres e ao Corpo de Bombeiros.
“Nós ainda vamos ouvir os engenheiros que emitiram a documentação, os responsáveis pela vistoria do Corpo de Bombeiros e também os servidores da prefeitura que emitiram o alvará do parque. Vão ser ouvidos para que todos os fatos sejam esclarecidos e nós possamos checar se há ou não algum tipo de irregularidade”, disse o delegado.
Melo espera a recuperação das vítimas para colher seus depoimentos, assim como o laudo da perícia, que deve ficar pronto em dez dias.
O exame toxicológico do operador do brinquedo ainda não ficou pronto, mas, durante depoimento, o profissional contou à Polícia Civil que não faz uso de entorpecentes e não havia ingerido bebida alcóolica no dia. O delegado disse ainda que o operador relatou ter tentado salvar uma das vítimas.
“O operador disse que viu uma das meninas que caiu na plataforma e, quando viu, não lembra de ter desligado o brinquedo. Ele acredita que tenha mantido na posição de giro, o que faz com que o brinquedo pegue velocidade mesmo. A máquina teria diminuído a velocidade se ele freasse ou colocasse no neutro”, explicou o delegado.

Trava de segurança se solta de brinquedo em parque de diversões de Ceres, Goiás (Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros)

Documentos

O Ministério Público está analisando se a documentação apresentada pelo responsável pelo parque está dentro da normalidade. Segundo o promotor de Justiça Marcos Rios, os laudos assinados por um engenheiro mecânico foram emitidos dias antes dos brinquedos estarem montados.
“Os brinquedos foram montados no dia 22 de agosto. No entanto, as vistorias foram feitas no dia 17, ou seja, quando os brinquedos estavam ainda nos caminhões. Então estamos apurando para saber a legalidade das licenças apresentadas pela administração do parque à Prefeitura de Ceres e repassada a nós”, disse o promotor.
Gerente do parque, Anderson Amorim disse que as vistorias feitas pelo engenheiro mecânico foram feitas antes dos brinquedos serem montados, para viabilizar a vistoria do Corpo de Bombeiros, e também depois da montagem dos equipamentos.
“Os brinquedos são alocados, o engenheiro faz o rascunho e envia para os bombeiros. Os bombeiros fazem a vistoria e emitem outro laudo. A vistoria do engenheiro é mais visual, mas é suficiente para atestar que os brinquedos estão aptos a operar. Ele verifica toda a estrutura mecânica e elétrica”, defendeu.

Fonte: G1
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