Salvador da Pátria ?

A república dos generais – Foi tudo um grande plano ou sou apenas um tolo tentando descobrir o óbvio? - Por Francisco Airton

Aos poucos o quadro vai se desenhando na nova história política desse país. Alguém pode até dizer que não é bem por ai e que tudo não passa de uma mera guinada do Brasil à direita e que tudo o que está ocorrendo ou está sendo ventilado, não passe, na verdade, de teorias da conspiração. Mas o projeto é bem maior. Eu diria gigantesco! A coisa foi tomando vulto a partir do resultado das eleições de 2014, quando o outro candidato – já derrotado – inconformado, deu início a tudo aquilo que se passou a chamar de golpe! O que estava por vir, até então, ainda não havia sido projetado, pois essa ala a que irei me detalhar a partir de agora, sequer cogitava tal possibilidade!
Foi a partir daí que se viu abrir-se uma enorme possibilidade! O inconformismo e o pavor das elites agora relegada a ter de conviver com a ideia de um governo avesso a tudo o que sempre sonharam, a classe média (que tinha certeza de que era quase rica), sabia que se nada fosse feito, essa tal Democracia seguiria sendo alicerçada e edificada e o sonho de um governo de direita só após 2026. Tinha que ser já em 2018, ou do contrário…! Mas era uma vontade apenas de uma direita fracassada e carcomida pelos vícios encobertos pela impunidade! Um governo militar, com certeza, não passava nem pela cabeça dos articuladores incomodados e, tampouco pelas forças armadas! Esse povo que parecia tão preparado intelectualmente e já acostumado a um sistema de direitos iguais para todos, jamais aceitaria o retorno de um governo militar. Ou não? Nem golpe se cogitaria! E a verdade é que nem os generais acreditavam que logo, logo estariam de volta, sem ter que – nas palavras da minha mãe – para isso “aluir uma palha”!
Aberta a fresta e fragilizada a estrutura do governo eleito, uma larga porta começou a se abrir. Um capitão da reserva e deputado de carreira, resolveu dar, aquele que seria seu último tiro na política, e lançou-se candidato numa futura eleição para presidente da república. A escolha de um general para vice, seria ingenuidade ou fora uma escolha intencional? Sendo ele mesmo o tempo todo em toda a campanha, dizia tudo o que a elite desesperada queria ouvir! Na reta final, ao descobrir as reais possibilidades, passou a desdizer tudo o que fora dito anteriormente! A coisa começava a ficar mais séria do que havia imaginado. Os interesses em questão passavam a ser maiores e a envolver gente muito poderosa e ai seria tudo ou nada!
A possibilidade era agora! Um país sofrido, castigado pela roubalheira dos ditos representantes do povo, um país enfraquecido pelas decepções e arrastado para a bancarrota num verdadeiro tsunami de lama, agonizava quando veio o impeachment. O país agora acéfalo, num arranjo presidencial enquanto preparava uma nova eleição, esperava com muita pressa o Salvador da Pátria. Faltava o golpe de misericórdia!
Como dizem de cátedra, os desportistas, tudo foi preparado na área e a bola foi entregue de bandeja para que fizessem o gol! Um capitão da reserva, um general… Tinha tudo para ser um time que resgataria a nossa dignidade e poria toda a bandidagem engravatada na cadeia (no seu devido lugar). Para imprimir maior seriedade veio a escolha a dedo para a formação do superministério! Cercou-se convenientemente o novo governante de militares. São 08 ministros, um vice e um chefe maior! Não sei se propositadamente o governo acabou sendo montado e os cargos mais estratégicos foram pouco a pouco sendo devidamente ocupados. Sem dar um tiro sequer, sem mais estardalhaços…Silenciosamente e acenando para o povo através do seu porta-voz, o próprio vice-presidente, general Mourão, a nova ordem ia sendo construída! Será que o presidente eleito sabia que seria dessa forma e assim se submeteria abrindo trincheiras? Ou tudo aconteceu por mera coincidência?
Independentemente disso, quase dois meses depois, tenta se equilibrar o novo governo fazendo tudo o que pode para ficar de pé, sem com tudo, fazer o seu dever de casa que é promover a paz, a segurança da população, melhorar a economia sem prejudicar os mais fracos e sem voltar a fazer “…a minha gente andar novamente falando de lado e olhando pro chão…”!
Se é tudo isso uma infeliz coincidência, não faço ideia. Só sei que vem sendo assim! A primeira, grande e estremecedora baixa do governo Bolsonaro, o ministro Gustavo Bebiano, após ser chamado de mentiroso por um dos filhos do presidente e também pelo próprio chefe, cai e em seu lugar assume o general Floriano Peixoto. Alguém tem mais alguma dúvida? É como já dizia o poeta: “Dormia, a nossa pátria mãe tão distraída…” A nós restando apenas acreditar que tudo poderá mudar e que “…amanhã vai ser outro dia!”

Fonte: Francisco Airton
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