...."como ele mudou de conceito tão rápido, espero que mude de novo”.

OS ANORMAIS ESTÃO SOLTOS

Gilvan Freire

cartaxo e ricardo

A ironia de Raniery Paulino com relação ao ataque de Luciano Cartaxo ao PMDB e à candidatura de Vitalzinho, não é apenas uma resposta a altura do menosprezo com que o PT vem tratando há meses a aliança nacional que produziu a chapa Dilma x Michel Temer, hoje oferecida politicamente no projeto de reeleição.

A parte da frase mais incisiva e ferina produzida por Raniery, de forma suavemente devastadora, declara que “como ele mudou de conceito tão rápido, espero que mude de novo”, estabelece o que está se infirmando como marca do caráter político de Luciano Cartaxo, pouco depois de ter sido alçado à condição de prefeito de João Pessoa, cargo tido, anos atrás, como o mais pomposo cemitério de líderes, até que Cícero e Ricardo Coutinho quebrassem, em parte, o mal-assombro para só morrerem mais adiante.

Se é questão de mal-assombramento, bruxaria ou feitiço, não se sabe ao certo de que lado vem a maldição. Talvez seja por conta da capacidade que os líderes têm de enganar os eleitores, passando-se por pessoas confiáveis e capazes que efetivamente nunca foram. Ou, então, a culpa recai sobre os próprios eleitores que votam sem exigir uma capacidade cabalmente demonstrada do candidato.

 

De qualquer maneira, a maldição sempre aparece, explicável também por outro viés hipotético: a vaidade de quem chega à condição de prefeito da Capital e pensa que comprou ingresso direto para ser líder estadual, um pedestal falso que já tem desequilibrado muitos incautos e desfeito uma montanha de fantasias.

 

Com referência a Luciano Cartaxo, ao que parece manifestamente evidente, todos esses fatores se somam de maneira muito precoce e veloz porque, a rigor, ele é produto de uma circunstância política tão surpreendente que nem ele próprio pode compreender o seu significado, tonto que ficou quando o poder lhe subiu à cabeça como o vistoso chapéu do Panamá que Luciano Agra lhe transferiu para ficar sem abrigo, exposto ao tempo.

 

Depois que Cartaxo desmontou Agra, tirando-lhe o chapéu e negando-lhe um gesto mínimo de gratidão e reconhecimento, certamente ninguém esperaria que pudesse demonstrar fidelidade a alguém, embora também não se pudesse imaginar que virasse um Ricardo Coutinho, apenas com capacidade diferente de enganar e se transformar.

 

Causa espanto e apreensões a conduta política de Luciano Cartaxo, primeiro contrariando logo cedo seu patrono e a massa eleitoral que fez da insatisfação reinante contra RC a principal razão de uma mudança brusca na Capital, e depois marcando seu governo com gravíssimas instabilidades emocionais, próprios dos que não têm capacidade de governar, além de girar como uma barata atordoada pelos quatro cantos do tabuleiro político a busca de afirmação para si e seu irmão, como se estivesse obrigando a população a tolerar um poder dinástico. Isso, sim, é que parece um mal-assombramento ditado pelos enfeitiçados, não pelos feiticeiros. Que coisa, né?