ATÉ ONDE VAI VITALZINHO

Por Gilvan Freire

vital conveão

Parece não haver muita explicação para as dificuldades que o PMDB vem enfrentando neste ano eleitoral de 2014. O partido tem eleitores em todos os recantos do Estado, da maior a menor cidade, e possui em seus quadros líderes com capacidade para disputar qualquer tipo de eleição, majoritária ou proporcional. Além do mais, tem um histórico de luta e resistência que lhe garantiu uma década de governo e, no mesmo período, vários mandatos de senador e destacada atuação no Senado. Na bancada federal, na Câmara, quando não ultrapassou a maioria dos deputados, teve beirando a metade, nesses últimos 20 anos. Tem sido ainda, no cenário nacional, o maior partido e o primeiro também na Paraíba em número de filiados. Mas o que está havendo com o PMDB paraibano, que se encontra diminuído nestas eleições?

O maior problema do PMDB é Zé Maranhão, o líder que foi sempre a maior solução para todos os problemas do partido. Agora, contudo, todo histórico do PMDB vale como solução para o projeto de Zé maranhão mas ele não tem a solução para o principal problema de seu velho partido porque, por conta de muitos problemas internos, Zé ficou maior que o PMDB e não disputa mais o cargo de governador como vinha fazendo desde 1998, passando por 2006 e em 2010, quando perdeu para Cássio o cargo que deu a Ricardo Coutinho.

 

Mas foi a partir de 2010 que o PMDB passou a sofrer corrosões, pelo fato de parte do partido ter-se viciado em ser governista e outra parte não ter compreendido a necessidade de fazer oposição a um governo que praticamente destruiu a base social do partido, centrada nos servidores públicos, prefeitos, vereadores, e trabalhadores do setor privado e setores influentes dos profissionais liberais, seguimentos importantes da imprensa e dos formadores de opinião. De outro modo, a vitória de Cássio sobre o maranhismo e, no principio, a sua defesa do governo de RC, junto com o aliciamento  que o governador fazia de alguns líderes peemedebistas, afora o desprestigio que Dilma impôs a Maranhão (que não foi convidado para nada na administração petista), tudo resultou no enfraquecimento do PMDB.

 

Entretanto, nada foi mais nocivo ao partido do que o ouriçamento de suas lideranças jovens no sentido de afastar a influência de Zé Maranhão na administração da máquina partidária, sem que houvesse um substituto consensual e hábil o suficiente para fazer a mudança ou construir uma transição. Deu no que deu, ou seja: um fracasso acachapante do projeto de ambição e a sobrevivência de Zé Maranhão como o único líder capaz de içar o PMDB do abismo em que se encontra, embora sem a sua candidatura ao cargo de governador.

 

Mas há hoje alguns problemas grandiosos a serem enfrentados. O primeiro ( e o maior) é que os eleitores cassistas e maranhistas celebram agora um armistício, uma paz política, conscientes de que um setor não quer mais a destruição política do outro, tanto achando que os dois líderes precisam ser homenageados e salvos, quanto compreendendo que Cássio e Zé Maranhão precisam ser vingados de RC, que ganhou de Zé em 2010, em nome de uma revolução dos costumes fracassada, e massacrou o cassismo com o propósito de enterrar Cássio e reinar absoluto no Estado.

 

Outro problema de monta é Vitalzinho compreender que os eleitores maranhistas e cassistas estão se entendendo por conta própria em favor dos dois, sem mais agressão ou retaliação, o que não é bom nem para Vital nem para Wilson Santiago, mas isso pode ser objeto de um pacto indissolúvel entre os próprios eleitores, algo difícil de não ser compreendido e aceito pelos dois líderes.

 

De qualquer forma, como Vitalzinho é um candidato impetuoso e atua com muita energia e disposição de luta (e é bom de bico), precisa botar Zé Maranhão debaixo do sovaco e percorrer os territórios históricos do PMDB, lugares capazes de emprestar à sua candidatura o orgulho da raça vermelha. Ou seja: Vitalzinho  precisa ganhar primeiro dentro do PMDB para avançar em seu mais próximo concorrente e chegar ao segundo turno. Como se sabe, a medir pela rejeição que as pesquisas trazem da candidatura de RC, há uma fatia do eleitorado disposta a evitar que ele ultrapasse o primeiro turno, e esse é um indicador muito favorável ao crescimento de Vital, já que seu maior inimigo interno já foi debelado pelo furacão do amadorismo precoce e da incompetência política: o PT estadual e seus líderes tresloucados.