A denúncia da compra de apoio político, os efeitos de ataques e contra-ataques e Messi

POR JOSIVAL PEREIRA

Análise: A denúncia da compra de apoio político, os efeitos de ataques e contra-ataques e Messi

A campanha eleitoral na Paraíba ainda nem ganhou as ruas e já tem um fato polêmico para servir de mote de troca de acusações, ocupar a Justiça Eleitoral e talvez criar as condições para transformar a disputa numa batalha judicial. A denúncia é a de suposta compra do apoio de prefeitos feita pela coligação do governador Ricardo Coutinho (PSB) contra a coligação do senador Cássio Cunha Lima (PSDB).
De um lado, a denúncia é tida como grave indício de compra de apoio político, um escândalo. Do outro, é vista como uma farsa e se constituiria em manifestação de puro desespero político.


A denúncia é confusa e não oferece elementos para qualquer julgamento. A polícia deve investigar e o ideal é que tudo seja esclarecido em curtíssimo espaço de tempo para não melar os debates na campanha. Todavia, politicamente, já dá para se fazer algumas leituras.
A impressão é a de que essa denúncia cumpre dois objetivos imediatos. O primeiro seria o de tentar inibir a adesão de prefeitos ao esquema do senador Cássio Cunha Lima nos próximos dias. Eles podem recear a acusação de terem sido comprados.
O outro seria o de criar um fato capaz de fazer ressurgir a denúncia de compra de votos de 2006 que resultou na cassação do mandato do então governador Cássio Cunha Lima. Talvez se busque um link para avivar o caso FAC.
O problema é que a forma açodada como a denúncia foi feita deixa margem para dúvidas. Certamente é precipitado se afirmar que o evento é fruto do desespero da coligação do governador. Mas não há como negar que a denúncia soa apelativa.
Numa analogia com o futebol, pode-se dizer também que a denúncia seria um contra-ataque do esquema do governador Ricardo Coutinho no jogo da conquista de apoios políticos. Lembre-se que na semana passada o próprio governador chamou de ‘cambalacho’ as adesões à candidatura do senador Cássio Cunha Lima de prefeitos que já haviam declarado apoio à sua campanha pela reeleição. Parece, pois, um assunto que estaria incomodando o esquema governamental.
No jogo da política, a questão é saber se o tipo de contra-ataque escolhido vai surtir efeito. Pode ser eficiente, mas pode não ser suficiente para fazer a diferença. Na maioria das vezes o contra-ataque não funciona. Veja-se que nem Messi resolveu para a Argentina.

Lamente-se que a campanha eleitoral na Paraíba escorregue, como sempre, para o confuso, tortuoso, escuro e sujo beco estreito dos ataques e contra-ataques.

por Josival Pereira