Cássio diz que aprendeu com os erros. Mas, que erros?

POR JOSIVAL PEREIRA

Cássio

O senador Cássio Cunha Lima, candidato a governador pela coligação A Vontade do Povo, tem dito em praticamente todas as entrevistas que “aprendeu com seus erros e o sofrimento pessoal.
Identificar o que ele considera sofrimento pessoal não é difícil. Diz respeito ao processo de cassação, perda do poder e, embora não tão longo, ao período de ostracismo que viveu em seguida.
Mas, e os erros?


Instado a revelar com quais erros havia aprendido, numa entrevista no programa Tambaú Debate, nesta segunda-feira, o próprio senador Cássio Cunha Lima ensaiou uma resposta: o erro principal teria sido privilegiar a política na composição de sua primeira equipe de governo, em 2003, forçado pela ampla aliança montada para disputar a eleição. Hoje, a avaliação do líder tucano é a de que deveria ter escolhido mais técnicos para sua equipe.
Na entrevista, Cássio não fez nenhuma mea culpa de caráter pessoal. O erro assumido seria de natureza meramente político-administrativa.
Lógico que essa confissão do senador Cássio Cunha Lima talvez cumpra uma função de campanha. O objetivo parece ser o de minimizar os erros de sua primeira gestão, preparando-se para reduzir os impactos das críticas que deverá receber pelo governo que realizou e que não produziu marcos de maior porte.
É lícito que um candidato produza antídoto para o enfrentamento da disputa eleitoral. No contexto, o senador Cássio Cunha Lima também justifica seu governo alegando que sofreu uma oposição radical e que não conseguiu ambiente político suficiente para administrar. É defesa pura.
Assim, tenha-se que as revelações talvez circunscrevam-se ao limite da campanha eleitoral. Um político com mais de 30 anos de carreira certamente tem muitos mais erros acumulados, o que não quer dizer que não sejam absorvidos pelo eleitorado, que muitas vezes decide em favor apenas de quem erra menos.
Bom seria mesmo que os políticos se dispusessem a assumir seus erros publicamente. Mas, geralmente, não é o que se vê. Os políticos costumam mesmo é se acharem os tais, quase sempre acima do bem e do mal, os sem erros. Talvez por isso sejam tão contestados e criticados. Deveriam mesmo aprender com os erros, mas, se depender disso, melhor o eleitor ir tirando o cavalinho da chuva.

por Josival Pereira