ELEIÇÕES DE 2016 NA CAPITAL: TEM COMPROMISSO DE RICARDO COM CARTAXO ?

Um tema ainda tabu

Por Nonato Guedes

rc e lu

   Não convidem o governador Ricardo Coutinho (PSB) e o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PT), para discutirem, até informalmente, projeções sobre o pleito municipal de 2016 envolvendo a gestão da capital. Eles dirão que está cedo para priorizar o assunto, e é fato que qualquer debate a respeito seria precipitado. Equivaleria colocar o carro na frente dos bois. Coutinho e Cartaxo ainda estão testando, pessoal e legalmente, os efeitos da reaproximação que ensaiaram neste 2014 com vistas à eleição majoritária no Estado. Cartaxo, hoje, apoia a reeleição de RC.

   Em contrapartida, o governador levou o seu partido a celebrar coligação com o PT em apoio à candidatura de Lucélio Cartaxo, irmão gêmeo do prefeito da capital, ao Senado. Essa coligação é questionada na Justiça Eleitoral pelo PMDB e por setores do próprio PT nacional – e não há prognóstico de como será batido o martelo. Na hipótese da Justiça validar a união PT-PSB, e independente do resultado que possa ser obtido nas urnas, indaga-se, naturalmente, se vai prosperar em outros pleitos tal entendimento acertado às pressas agora. Por exemplo: na eleição para a prefeitura de João Pessoa em 2016. Em 2012, o PT ganhou com Luciano no segundo turno. Coutinho lançou Estelizabel Bezerra pelo PSB, e a candidata logrou situar-se na terceira posição. Foi um resultado duplamente surpreendente – a eleição de Cartaxo em primeiro lugar.

      Por outro lado, a performance conquistada por Estela – que era marinheira de primeira viagem, ou seja, não havia ainda disputado mandatos políticos – foi expressiva, levando-se em conta, também, a quota de desgaste residual do governo do Estado em João Pessoa. Ao ficar no terceiro lugar, ela desbancou um peso pesado como o ex-governador José Maranhão, que ocupou por três vezes a chefia do Executivo estadual. O segundo turno em 2012 deu-se entre Cartaxo e o senador Cícero Lucena, reproduzindo a tendência nacional de polarização entre PSDB e PT na disputa pela presidência da República. O PT, ao sair vitorioso, cravou na capital do Estado da Paraíba sua única e mais importante vitrine, em todas as demais capitais do Nordeste.

        A gestão de Cartaxo não é propriamente um mar de rosas, e ele tem começado a sofrer críticas pontuais até mesmo de setores que o apoiaram ou apostaram num projeto de renovação administrativa em João Pessoa. Ainda assim, o que se diz no círculo ligado ao alcaide da capital é que ele tem chão pela frente e possibilidade de executar projetos revolucionários, contando com o decidido apoio do governo federal e, agora, bafejado pela parceria que finalmente foi construída com o governo do Estado. Com isto, Luciano poderia perfeitamente vir a se credenciar para a disputa à reeleição com chances de êxito, ou até mesmo de consagração, caso a administração esteja nas alturas em termos de aprovação ou de percentuais de popularidade. É aí onde entra a equação que Ricardo evita discutir no momento: o apoio a uma provável candidatura de Luciano à reeleição em 2016. Há quem jure que o governador mantém na manga da camisa uma carta que considera extremamente valiosa: novamente a candidatura de Estelizabel. Seja como for, não há registro de compromisso envolvendo o futuro à vista. Até porque não há certeza, sequer, sobre a composição legal em 2014.

           O tema é tabu pela série de implicações gravitando na sua órbita e, igualmente, pela circunstância de que Ricardo tem aprendido, ao longo dos anos, a fazer alianças pontuais, episódicas, em cada eleição. Em 2010, recebeu o apoio do hoje senador tucano Cássio Cunha Lima e do ex-senador Efraim Morais, do Democratas. Efraim mantém-se com ele no bloco da reeleição, mas Cássio, além de romper, ainda se lançou contra Ricardo ao governo. O gestor socialista atraiu o PT, quebrou resistências nessa sigla. Mas não há segurança de que haja parceria mais duradoura entre ambos.